Lavrov critica silêncio da Europa diante de ações dos EUA contra a Venezuela
Lavrov acusa países europeus de omissão frente às operações militares norte-americanas e alerta para riscos de escalada contra a Venezuela
247 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, fez duras críticas à postura da Europa diante das ações dos Estados Unidos no Caribe, afirmando que o bloco tem evitado condenar iniciativas que considera ilegais e beligerantes. Segundo o chefe da diplomacia russa, a ausência de posicionamento europeu contrasta com a reação de outros países frente às operações conduzidas pela Marinha norte-americana na região e nas proximidades da costa venezuelana.
De acordo com Lavrov, “quase todos os países condenaram as ações dos Estados Unidos no Caribe, com exceção dos europeus, que optaram pelo silêncio e pela cautela”. A declaração foi feita na quarta-feira (17) e repercutida pelo site Hispantv, fonte original da informação. O chanceler expressou preocupação com o alcance e a natureza das operações militares dos EUA, destacando que elas ocorrem sem investigação ou julgamento prévios.
O diplomata russo também condenou ataques classificados por Moscou como ilegais contra embarcações civis, afirmando que tais ações representam uma violação grave do direito internacional. Lavrov qualificou como beligerantes as declarações do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, o Pentágono, sobre essas operações, e advertiu que Washington estaria planejando uma possível invasão terrestre da Venezuela.
Segundo ele, esse tipo de iniciativa pode comprometer seriamente as perspectivas de se alcançar qualquer acordo dentro do atual equilíbrio de poder internacional. Desde setembro, os Estados Unidos realizaram dezenas de ofensivas no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental, no contexto da chamada guerra contra as drogas. Essas ações resultaram em pelo menos 95 mortes, incluindo a destruição de uma lancha rápida no Pacífico, que deixou quatro tripulantes mortos.
As medidas norte-americanas têm sido alvo de críticas internacionais. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, questionou a passividade da Organização das Nações Unidas diante das ameaças feitas pelos Estados Unidos contra a Venezuela. Já o governo venezuelano considera essas manobras uma agressão armada com o objetivo de impor uma mudança de regime, denunciando que o verdadeiro interesse de Washington seria se apropriar de recursos estratégicos do país, como petróleo, gás e ouro.
Na última quinta-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reafirmou o apoio de Moscou ao presidente venezueluelano, Nicolás Maduro, diante das “crescentes pressões externas” enfrentadas pelo país sul-americano. Para o governo russo, Washington busca consolidar um “domínio inquestionável” no Caribe e em seu entorno, estratégia que Moscou identifica como uma marca central do governo Trump.



