Lavrov diz que Europa e União Europeia são “o principal obstáculo para a paz” na Ucrânia
Chanceler russo acusa líderes europeus de manterem apoio militar e financeiro a Kiev apesar de denúncias de corrupção
247 – O chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou neste domingo (28) que a Europa e a União Europeia se tornaram “o principal obstáculo para a paz” na guerra na Ucrânia, ao manterem apoio financeiro e militar ao governo de Kiev mesmo diante de denúncias de corrupção que ganharam repercussão internacional.
A declaração foi publicada pela RT Brasil, que destacou críticas de Lavrov ao papel dos líderes europeus na continuidade do conflito, incluindo o envio constante de recursos e armamentos à Ucrânia e a insistência em uma narrativa de “ameaça russa” ao continente, apesar de negativas reiteradas do Kremlin.
Críticas ao apoio europeu e ao envio de armas
Segundo Lavrov, após a mudança de administração nos Estados Unidos, autoridades europeias passaram a “não ocultar seus planos de se preparar para uma guerra com a Rússia”, reforçando a ajuda a Kiev e sustentando o que ele chamou de uma estratégia de confronto.
Para o chanceler russo, a Europa estaria apostando no fortalecimento do governo ucraniano como uma “máquina de guerra” direcionada contra Moscou, mesmo com o acúmulo de denúncias sobre desvio de recursos e práticas irregulares em setores sensíveis do Estado ucraniano.
Corrupção na Ucrânia e pressão por novos empréstimos
Lavrov afirmou que governos europeus conhecem os escândalos de corrupção na Ucrânia, mas continuam a destinar recursos ao país. Ele mencionou tentativas anteriores de conceder novos empréstimos a Kiev com base em ativos russos congelados, que não avançaram por falta de consenso dentro da própria Europa, levando alguns países a retirarem verbas de seus próprios orçamentos.
O chanceler citou investigações do Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU), divulgadas em novembro, incluindo áudios que apontariam corrupção e lavagem de dinheiro em setores como defesa e energia durante o conflito. De acordo com o material mencionado, haveria cobrança de subornos elevados e suspeitas envolvendo figuras próximas ao líder ucraniano, Vladimir Zelensky, como o então chefe de gabinete, Andrey Yermak, que deixou o cargo.
Entre os símbolos do escândalo, Lavrov mencionou a repercussão em torno da descoberta de um “banheiro de ouro” no apartamento do empresário Timur Mindich, descrito como aliado de Zelensky.
“Partido da guerra” e ameaça de escalada
Lavrov também atacou o que chamou de “partido da guerra”, em referência à União Europeia, acusando o bloco de trabalhar para impor uma “derrota estratégica” à Rússia.
“As ambições os cegam: não têm piedade nem dos ucranianos nem de sua própria população”, declarou, segundo a RT Brasil.
O chanceler afirmou que há discussões sobre o envio de militares europeus à zona de conflito e disse que, caso isso ocorra, essas tropas se tornariam “alvos legítimos” das forças russas.
“Não há que temer que a Rússia ataque alguém. Mas, se alguém atacar a Rússia, a resposta será devastadora”, afirmou.
Moscou nega planos de atacar a Europa
O governo russo tem reiterado, segundo a reportagem, que não pretende atacar países europeus. O presidente Vladimir Putin, em declaração citada, classificou a ideia de uma ameaça russa como uma “mentira” propagada em alguns países.
“Isso é uma bobagem, uma loucura sobre a suposta ameaça russa”, declarou. Putin também afirmou que a Rússia estaria disposta a reafirmar formalmente que não tem intenção de atacar a Europa.
“Nunca foi nossa intenção, mas, se quiserem ouvir isso de nós, estamos dispostos a colocar no papel”, disse.
Declarações elevam tensão política em meio ao impasse diplomático
As falas de Lavrov reforçam o clima de tensão entre Moscou e capitais europeias, ao mesmo tempo em que aprofundam o debate sobre os custos econômicos, militares e políticos da continuidade do apoio à Ucrânia. Ao relacionar as denúncias de corrupção ao fluxo de recursos e armamentos, a diplomacia russa tenta pressionar os países europeus a reconsiderarem sua estratégia, enquanto a União Europeia mantém o discurso de sustentação de Kiev.
No centro dessa disputa, permanece o impasse sobre quais condições poderiam abrir caminho para negociações de paz e qual papel a Europa deseja exercer num eventual redesenho do cenário de segurança no continente.



