HOME > Mundo

Petróleo sobe mais de 1% com bloqueio dos EUA à Venezuela

Medida anunciada por Donald Trump amplia incertezas geopolíticas

Bomba de extração de petróleo (Foto: Reuters)

247 - Os preços internacionais do petróleo registraram alta superior a 1% nesta quarta-feira (17), impulsionados pelo aumento das tensões geopolíticas após o anúncio de novas restrições envolvendo a Venezuela. O movimento ocorreu em um cenário ainda marcado por preocupações com a demanda global e por um mercado considerado bem abastecido por analistas.Segundo a Reuters, o avanço foi motivado pela decisão do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ordenar um bloqueio “total e completo” a todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela. A medida reacendeu a volatilidade no setor energético, mesmo após o petróleo ter fechado a sessão anterior próximo das mínimas dos últimos cinco anos.

Por volta das 5h00 (horário de Greenwich), os contratos futuros do Brent subiam 79 centavos, ou 1,3%, cotados a US$ 59,71 o barril. Já o West Texas Intermediate (WTI), referência dos Estados Unidos, avançava 77 centavos, ou 1,4%, alcançando US$ 56,04 o barril.

O mercado vinha de um dia de forte pressão baixista, influenciado pelo avanço das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Um eventual acordo pode resultar no alívio das sanções ocidentais contra Moscou, ampliando a oferta global de petróleo em um momento de demanda internacional considerada frágil.

Na terça-feira, Donald Trump determinou o bloqueio de todos os navios petroleiros sancionados que operam na Venezuela e afirmou que os governantes do país passam a ser tratados por Washington como uma organização terrorista estrangeira. A decisão ocorre poucos dias depois da apreensão, pelos Estados Unidos, de um petroleiro sujeito a sanções na costa venezuelana.

De acordo com um operador de petróleo dos EUA ouvido pela Reuters, a iniciativa pode afetar entre 400 mil e 500 mil barris de petróleo por dia, com potencial de elevar os preços entre US$ 1 e US$ 2 por barril. Ainda assim, participantes do mercado avaliam que o impacto estrutural tende a ser limitado no curto prazo.

“O preço está sendo influenciado pelo sentimento em relação às notícias da Venezuela de hoje, mas, no geral, os volumes de exportação da Venezuela representam uma parcela relativamente pequena da oferta global. Com todos os olhos voltados para as negociações entre Rússia e Ucrânia, o mercado ainda apresenta risco de queda”, afirmou um operador do setor.

Outro operador destacou que o movimento de alta pode não se sustentar. Segundo ele, “pode ser uma boa oportunidade para alguns abrirem posições vendidas”, sinalizando cautela quanto à continuidade da recuperação dos preços.

A recuperação desta quarta-feira também foi atribuída ao aumento das compras de contratos futuros após o petróleo ter recuado para níveis abaixo de US$ 60 o barril no pregão anterior, o que estimulou movimentos técnicos no mercado asiático.

Ainda não está claro quantos navios serão efetivamente afetados pelo bloqueio nem de que forma os Estados Unidos irão implementá-lo. Há incertezas sobre o eventual uso da Guarda Costeira para interceptar embarcações, como ocorreu recentemente. Nos últimos meses, Washington reforçou a presença naval na região.

Embora muitos navios que transportam petróleo venezuelano estejam sob sanções, outros que operam com cargas do país, bem como petróleo proveniente do Irã e da Rússia, não foram sancionados. Além disso, petroleiros fretados pela Chevron seguem levando petróleo venezuelano aos Estados Unidos com base em uma autorização concedida anteriormente pelo governo norte-americano.

A China permanece como o maior comprador do petróleo venezuelano, responsável por cerca de 4% das importações do país asiático. Analistas avaliam que, apesar do cenário atual de oferta confortável, uma interrupção prolongada no fluxo de exportações pode pressionar os preços ao longo do tempo.

“No curto prazo, uma alta extrema de preços é improvável, a menos que haja ações retaliatórias que afetem os sistemas de petróleo e gás de toda a região das Américas, enquanto as expectativas de excesso de oferta global continuam no centro das atenções do mercado”, afirmou Emril Jamil, analista sênior de petróleo da LSEG. “Mas, no longo prazo, qualquer interrupção prolongada pode dar sustentação aos preços dos tipos de petróleo pesado.”

Artigos Relacionados