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Secretário do Tesouro dos EUA espalha fake news sobre alta da carne no país

Política tarifária de Donald Trump resultou em inflação nos Estados Unidos

Scott Bessent - 22/07/2025 (Foto: REUTERS/Kent Nishimura )

247 - Uma entrevista do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, provocou forte repercussão ao sugerir que o aumento do preço da carne no país estaria ligado a imigrantes da América do Sul que cruzariam a fronteira trazendo gado doente. A fala foi feita no domingo (16), no programa Sunday Morning Futures, transmitido pela Fox News.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, durante a entrevista, Bessent respondeu a perguntas da apresentadora Maria Bartiromo sobre a previsão do CEO da Omaha Steaks, que afirmou que o consumidor americano poderá pagar US$ 10 por libra de carne moída. Especialistas, porém, têm apontado a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um dos principais fatores da inflação no setor — tarifas que incidem não apenas sobre carne bovina, mas também sobre ração e maquinário importados de países como Brasil, Austrália, Nova Zelândia e Uruguai.

Apesar disso, o secretário apresentou outra explicação, que rapidamente se tornou alvo de críticas. Segundo ele, imigrantes estariam trazendo animais doentes ao atravessar a fronteira, reintroduzindo na América do Norte doenças já erradicadas. “Por causa da imigração em massa, uma doença que já tínhamos erradicado na América do Norte que veio subindo pela América do Sul à medida que esses migrantes trouxeram parte de seu gado com eles. Então, parte do problema é que tivemos de fechar a fronteira para a carne bovina mexicana por causa dessa doença chamada screw worm (mosca-da-bicheira). Não vamos deixar isso entrar na nossa cadeia de abastecimento”, afirmou.

O governo americano suspendeu em maio deste ano as importações de carne do México após o aumento de notificações de casos de bicheira no país vizinho. A praga, também chamada de “mosca-varejeira-do-novo-mundo”, pode provocar infestações graves e levar o gado à morte se não houver tratamento adequado.

Apesar da gravidade das alegações feitas por Bessent, não existem registros oficiais de imigrantes entrando nos Estados Unidos acompanhados de gado — muito menos de animais infectados. A ausência de dados concretos intensificou a controvérsia e ampliou o debate sobre o impacto das políticas imigratórias e tarifárias na cadeia produtiva da carne nos EUA.

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