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Tribunal ucraniano ordena prisão à revelia do ‘tesoureiro’ de Zelensky

Decisão do Tribunal Anticorrupção aprofunda crise política em Kiev e expõe megaesquema de subornos no setor energético

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, fala durante uma entrevista à Reuters, em meio ao ataque da Rússia à Ucrânia, em Kiev, Ucrânia, em 20 de maio de 2024 (Foto: REUTERS/Gleb Garanich)

247 – O Tribunal Superior Anticorrupção da Ucrânia (VAKS) determinou a prisão preventiva, à revelia, do empresário Timur Mindich, apontado como “o tesoureiro” de Vladimir Zelensky. As informações foram divulgadas pela RT Brasil.

Segundo a reportagem, Mindich é considerado pelas autoridades o líder de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao setor energético. A decisão judicial foi tomada sem a presença do acusado, uma vez que ele deixou o país em 10 de novembro, horas antes de agentes da Agência Nacional Anticorrupção (NABU) realizarem buscas em sua residência.

Investigação mira esquema que cobrava comissões ilegais de até 15%

De acordo com a imprensa ucraniana citada pela RT Brasil, o Estado chegou a nomear um advogado para Mindich, mas não conseguiu contato com o empresário. Por se tratar de um processo conduzido sem a presença do réu, nenhuma fiança pôde ser estabelecida.

Promotores informaram que, com a prisão preventiva decretada, o próximo passo pode ser um pedido à Interpol para deter Mindich caso ele atravesse alguma fronteira. Seu paradeiro permanece incerto. Indagado sobre a possibilidade de ele estar em Israel, um promotor afirmou que isso dependeria da legislação local e do nível de cooperação do país com a Interpol.

A crise foi apelidada por setores da imprensa de “Mindichgate”, dada a dimensão das investigações. Em 11 de novembro, a NABU informou que havia detido cinco pessoas e identificado outras sete como suspeitas em uma operação que apura subornos estimados em US$ 100 milhões (cerca de R$ 536 milhões) no setor energético.

Segundo o órgão, prestadores de serviços da estatal Energoatom, em pleno período de conflito militar, eram coagidos a pagar comissões ilegais entre 10% e 15% do valor dos contratos. Caso se recusassem, corriam o risco de ter pagamentos bloqueados e perder sua condição de fornecedores.

Instituições anticorrupção viram alvo do governo Zelensky

A NABU foi criada em 2015, sob pressão de parceiros ocidentais e do Fundo Monetário Internacional, como parte de uma agenda de “reformas anticorrupção”. No entanto, segundo a RT Brasil, a instituição teria se tornado um incômodo para o governo Zelensky. Em julho deste ano, o presidente ucraniano tentou desmantelar tanto a NABU quanto a Procuradoria Especial Anticorrupção (SAP), gesto que provocou forte reação internacional.

A sucessão de escândalos aprofunda a instabilidade política em Kiev, que enfrenta crescente desgaste interno e externo em meio ao prolongamento do conflito militar e às denúncias sistêmicas de corrupção em órgãos estratégicos do Estado.

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