Trump amplia veto de entrada nos EUA a palestinos e mais países
Decreto assinado nesta terça amplia lista de nações barradas e reforça política migratória restritiva do governo americano
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (16) um decreto que amplia de forma significativa as restrições de entrada no país, incluindo cidadãos palestinos e pessoas oriundas de mais sete nações. A medida reforça a linha dura adotada pelo atual presidente dos Estados Unidos desde seu retorno à Casa Branca, com foco declarado em segurança nacional e controle migratório.
De acordo com o governo americano, passam a sofrer restrição total de ingresso cidadãos de Burkina Faso, Mali, Níger, Sudão do Sul e Síria, além de pessoas portadoras de documentos de viagem emitidos pela Autoridade Palestina, entidade presidida por Mahmoud Abbas e responsável pela administração parcial da Cisjordânia ocupada por Israel.
O decreto também transforma em banimento total as limitações que antes eram apenas parciais para Laos e Serra Leoa. Com isso, esses países e os palestinos se somam a uma lista anterior de 12 nações já classificadas pelo governo dos EUA como de “alto risco”. Esse primeiro grupo havia sido anunciado em junho e incluía Afeganistão, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen.
Segundo a Casa Branca, as novas regras entram em vigor em 1º de janeiro de 2026. Em comunicado oficial, o governo afirma que as restrições buscam “proteger o país contra ameaças à segurança nacional e à segurança pública” e sustenta que os países atingidos apresentam “deficiências comprovadas, persistentes e graves em triagem, verificação de antecedentes e compartilhamento de informações”.
O texto do decreto também mantém restrições parciais para cidadãos de Burundi, Cuba, Togo e Venezuela. Além disso, impõe limitações semelhantes a viajantes de outros 15 países: Angola, Antígua e Barbuda, Benim, Costa do Marfim, Dominica, Gabão, Gâmbia, Maláui, Mauritânia, Nigéria, Senegal, Tanzânia, Tonga, Zâmbia e Zimbábue.
Em sentido oposto, o governo americano retirou a proibição de vistos de visitante para cidadãos do Turcomenistão. A Casa Branca justificou a decisão afirmando que o país “cooperou de forma produtiva” com Washington e apresentou “progressos significativos”. Ainda assim, a entrada de turcomenos como imigrantes segue proibida.
No decreto, o governo dos EUA afirma ainda que vários dos países listados enfrentam “corrupção generalizada, documentos civis e registros criminais fraudulentos ou pouco confiáveis” e carecem de sistemas adequados de registro de nascimento. Sem apresentar dados, o texto sustenta que essas nações registram altas taxas de permanência irregular após o vencimento dos vistos.
“A presença de terrorismo, atividades criminosas e extremismo em vários dos países listados resulta em instabilidade generalizada e falta de controle governamental, o que compromete a capacidade de verificação e representa riscos diretos aos cidadãos e aos interesses americanos quando nacionais desses países são admitidos nos EUA”, afirma o decreto.
A ampliação das restrições ocorre em meio ao endurecimento da política anti-imigração adotada por Donald Trump desde que reassumiu a Presidência, com operações em larga escala contra estrangeiros sem documentação e recusa sistemática de pedidos de asilo na fronteira com o México. A decisão também marca uma escalada após o tiroteio que matou dois integrantes da Guarda Nacional em Washington, no mês passado.
Investigadores atribuíram o ataque a um cidadão afegão que entrou nos Estados Unidos em 2021 por meio do programa de reassentamento Operação Allies Welcome, criado durante o governo do ex-presidente Joe Biden após a retomada do poder pelo Talibã no Afeganistão. Dias depois do episódio, Trump afirmou que pretendia “pausar permanentemente” a migração de países do “terceiro mundo”, sem detalhar quais seriam eles.
Durante seu primeiro mandato, Trump já havia adotado uma medida semelhante ao barrar a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, decisão que gerou forte controvérsia e foi revogada em 2021 por Joe Biden, que à época classificou a política como “uma mancha na consciência nacional” dos Estados Unidos.



