Trump promete levar ao território sul-americano ataques contra supostas rotas do narcotráfico
Presidente dos EUA diz que “conhece cada rota e cada casa” dos cartéis e amplia escalada militar na região, criticada por vários países
247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (6) que pretende ampliar para terra a mesma estratégia militar que seu governo vem adotando no mar contra supostas rotas do narcotráfico. A informação foi divulgada originalmente pelo RT Brasil.
Segundo Trump, o narcotráfico teria provocado 300 mil mortes no país no último ano — número que ele comparou às estatísticas de conflitos armados. Em discurso no Centro Kennedy do Departamento de Estado, o presidente assegurou que Washington já possui informações detalhadas sobre as organizações que deseja atingir. “Vamos iniciar o mesmo processo em terra, porque conhecemos cada rota, cada casa; sabemos onde eles vivem, sabemos tudo sobre eles”, declarou.
Presidente usa estatísticas de guerra e ironiza operações no mar
Trump afirmou ainda que, durante sua gestão, a entrada de drogas nos EUA por via marítima teria caído 94%. “E estou tentando entender quem são os outros 6%, porque, francamente, acredito que são os mais corajosos”, ironizou.
Ao responsabilizar diretamente os cartéis pelas mortes atribuídas ao narcotráfico, Trump voltou a adotar um discurso bélico: “É como uma guerra terrível. Não vou permitir que isso continue acontecendo”, afirmou.
Escalada militar dos EUA gera críticas globais
As declarações ocorrem em meio à intensificação das ações militares norte-americanas no Caribe e no Pacífico. Desde agosto, os EUA enviaram navios de guerra, caças, tropas e até um submarino para a costa da Venezuela, alegando combater narcotráfico. Bombardeios contra pequenas embarcações já resultaram em dezenas de mortos, de acordo com reportagens citadas pelo RT Brasil.
Washington também acusou, sem apresentar provas, os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Gustavo Petro (Colômbia) de envolverem-se com cartéis de drogas. Petro criticou publicamente os ataques, assim como outros governos da região.
CIA e operações clandestinas: Maduro denuncia "mudança de regime"
Em outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. A revelação gerou reação imediata de Maduro, que lembrou o histórico de interferência norte-americana no país. “Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?”, questionou o presidente venezuelano.
Maduro sustenta que a ofensiva norte-americana tem como real objetivo promover uma “mudança de regime” para se apropriar das enormes reservas de petróleo e gás da Venezuela.
ONU e países latino-americanos condenam bombardeios
A resposta internacional às operações militares dos EUA vem se ampliando. O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os ataques que resultaram em mais de 60 mortes, classificando-os como violações graves do direito internacional.
Governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil também criticaram os bombardeios. Especialistas das Nações Unidas qualificaram as ações americanas como “execuções sumárias”, reforçando a denúncia de excesso e desrespeito às normas internacionais.



