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BRB decide atuar como assistente de acusação no caso Master

Banco de Brasília muda de posição no processo após investigação revelar suposta fraude bilionária em carteiras de crédito consignado

Sede do BRB em Brasília - 01/04/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 – O Banco de Brasília (BRB) decidiu alterar radicalmente sua postura no processo envolvendo o Banco Master, de Daniel Vorcaro. A instituição informou nesta sexta-feira (28) que solicitará à Justiça autorização para atuar como assistente de acusação na ação que apura irregularidades na venda de carteiras de crédito consignado. A decisão foi revelada pelo Valor Econômico.

Segundo o BRB, “seu Conselho de Administração (Consad) deliberou e aprovou hoje (28) que irá solicitar à Justiça que o banco atue como assistente de acusação no processo relacionado à operação com o banco Master”, informou a instituição.

BRB deixa de ser comprador e passa a acusador

A guinada ocorre meses depois de o próprio Conselho de Administração do BRB ter aprovado, em março, a compra de 58% das ações do Banco Master. A operação, no entanto, acabou barrada pelo Banco Central (BC) em setembro, em meio ao avanço das investigações conduzidas pelo BC, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.

Os investigadores afirmam que o Master teria forjado e vendido cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado ao BRB, numa manobra que teria como objetivo maquiar fragilidades do banco de Vorcaro. Segundo as autoridades, a aquisição pelo BRB teria sido aprovada com o objetivo de mascarar a operação e socorrer financeiramente a instituição.

O BRB reiterou nesta sexta-feira que “é credor na liquidação extrajudicial” do Master e afirmou que reforçou seus controles internos. A instituição destacou ainda que “as carteiras atuais seguem padrão adequado, e o banco permanece sólido e colaborando com as autoridades”. O banco também informou que “todo o processo de substituição de carteiras e adição de garantias, prática prevista em contrato, foi reportado e acompanhado pelo Banco Central”.

Operação Compliance Zero levou à liquidação do Master

A crise que atingiu o Banco Master ganhou novo capítulo com a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 18. A ação levou à liquidação extrajudicial do banco, à prisão de Daniel Vorcaro e ao afastamento do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa — posteriormente demitido pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

Nesta sexta-feira (28), porém, houve uma reviravolta judicial. A desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu liminar em habeas corpus, determinando a soltura de Vorcaro e dos demais investigados.

Nova presidência assume o comando do BRB

Em meio às turbulências, o Banco Central aprovou na quarta-feira (26) o nome de Nelson Souza para a presidência do BRB. Por se tratar de um banco cujo principal acionista é o Governo do Distrito Federal, a nomeação também precisou passar pela sabatina e aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

A decisão do BRB de se posicionar como assistente de acusação marca mais um desdobramento relevante em um caso que expõe fragilidades de governança bancária e coloca sob escrutínio uma operação bilionária que agora se transforma em disputa judicial.

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