BRB decide atuar como assistente de acusação no caso Master
Banco de Brasília muda de posição no processo após investigação revelar suposta fraude bilionária em carteiras de crédito consignado
247 – O Banco de Brasília (BRB) decidiu alterar radicalmente sua postura no processo envolvendo o Banco Master, de Daniel Vorcaro. A instituição informou nesta sexta-feira (28) que solicitará à Justiça autorização para atuar como assistente de acusação na ação que apura irregularidades na venda de carteiras de crédito consignado. A decisão foi revelada pelo Valor Econômico.
Segundo o BRB, “seu Conselho de Administração (Consad) deliberou e aprovou hoje (28) que irá solicitar à Justiça que o banco atue como assistente de acusação no processo relacionado à operação com o banco Master”, informou a instituição.
BRB deixa de ser comprador e passa a acusador
A guinada ocorre meses depois de o próprio Conselho de Administração do BRB ter aprovado, em março, a compra de 58% das ações do Banco Master. A operação, no entanto, acabou barrada pelo Banco Central (BC) em setembro, em meio ao avanço das investigações conduzidas pelo BC, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
Os investigadores afirmam que o Master teria forjado e vendido cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado ao BRB, numa manobra que teria como objetivo maquiar fragilidades do banco de Vorcaro. Segundo as autoridades, a aquisição pelo BRB teria sido aprovada com o objetivo de mascarar a operação e socorrer financeiramente a instituição.
O BRB reiterou nesta sexta-feira que “é credor na liquidação extrajudicial” do Master e afirmou que reforçou seus controles internos. A instituição destacou ainda que “as carteiras atuais seguem padrão adequado, e o banco permanece sólido e colaborando com as autoridades”. O banco também informou que “todo o processo de substituição de carteiras e adição de garantias, prática prevista em contrato, foi reportado e acompanhado pelo Banco Central”.
Operação Compliance Zero levou à liquidação do Master
A crise que atingiu o Banco Master ganhou novo capítulo com a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 18. A ação levou à liquidação extrajudicial do banco, à prisão de Daniel Vorcaro e ao afastamento do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa — posteriormente demitido pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Nesta sexta-feira (28), porém, houve uma reviravolta judicial. A desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu liminar em habeas corpus, determinando a soltura de Vorcaro e dos demais investigados.
Nova presidência assume o comando do BRB
Em meio às turbulências, o Banco Central aprovou na quarta-feira (26) o nome de Nelson Souza para a presidência do BRB. Por se tratar de um banco cujo principal acionista é o Governo do Distrito Federal, a nomeação também precisou passar pela sabatina e aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
A decisão do BRB de se posicionar como assistente de acusação marca mais um desdobramento relevante em um caso que expõe fragilidades de governança bancária e coloca sob escrutínio uma operação bilionária que agora se transforma em disputa judicial.



