Glauber denuncia silenciamento após remoção à força da Mesa da Câmara
Deputado do Psol diz ter sido alvo de tentativa de silenciamento ao ser retirado da cadeira da presidência da Câmara
247 - O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou ter sido alvo de uma tentativa de “silenciamento” após ser retirado à força da cadeira ocupada por Hugo Motta durante a sessão desta terça-feira (9). Glauber permaneceu cerca de uma hora na cadeira da presidência antes de ser removido pela Polícia Legislativa, em meio a um tumulto que deixou seu paletó rasgado. Segundo o deputado, a ação representa uma reação desproporcional em comparação a episódios anteriores envolvendo outros grupos políticos. As informações são do jornal O Globo.
Tumulto no plenário e corte de transmissão
“Só pedi ao presidente Hugo Motta que ele tivesse 1% do tratamento comigo que teve com aqueles que sequestraram a Mesa Diretora por 48h. Os caras ficaram 48h e eu fiquei nem uma hora e já foi suficiente”, disse Glauber em referência ao episódio registrado na madrugada do dia 6 de agosto.
Na ocasião, deputados e senadores de oposição pernoitaram nos plenários da Câmara e do Senado para manter a ocupação das mesas diretoras das Casas, inviabilizando a retomada dos trabalhos legislativos. Os parlamentares, em sua maioria do Partido Liberal (PL), protestam contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, decretada dois dias antes
“Se imaginavam que esse era um passo para eu ficar quieto, estão enganados, porque essa luta não acabou”, ressaltou Glauber. Após a fala, ele seguiu para o serviço médico da Câmara.
Ao longo da confusão, a TV Câmara teve sua transmissão interrompida, e o sinal no YouTube foi retirado do ar. Por volta das 17h30, o acesso ao plenário foi limitado apenas a parlamentares, enquanto assessores e a imprensa foram retirados. A Polícia Legislativa foi acionada para conter o tumulto.
Acusações de tratamento desigual
Glauber responde a um processo de cassação por quebra de decoro, após acusação de agressão a um integrante do MBL em abril do ano passado. Ele estava acompanhado da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), sua esposa, e do deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ). No plenário, reafirmou sua disposição de resistir.
“Eu vou me manter aqui, firme, até o final dessa história. Se o presidente da Câmara quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa mesa diretora e até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele. Eu ficarei aqui até o limite das minhas forças”, disse.
O correligionário Chico Alencar (PSOL-RJ) comentou a situação, embora sem validar integralmente o gesto: “É muita indignação por parte de Glauber. A solução era tirar de pauta a cassação.”
Histórico de confrontos e greve de fome
Em abril, o deputado realizou uma greve de fome por mais de uma semana em protesto contra o avanço do seu processo de cassação. O movimento foi encerrado após um acordo com Motta, que garantiu que o caso não seguiria um rito acelerado e asseguraria ampla defesa. Na ocasião, Motta afirmou: “Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao Plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar.”
Motta anuncia votação de cassações
Nesta terça-feira, Motta anunciou que o plenário votará, na próxima semana, as cassações de Glauber, Carla Zambelli (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PLl-SP). Nos casos de Glauber e Zambelli, os pedidos seguirão para análise da CCJ antes de chegarem ao plenário.
O processo envolvendo Eduardo Bolsonaro deverá ser decidido diretamente pela Mesa Diretora, devido ao número de faltas acumuladas desde sua mudança para os Estados Unidos. “O deputado Eduardo Bolsonaro tem o número de faltas suficientes para a cassação de seu mandato”, disse Motta.
Já Ramagem, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo da trama golpista, terá cinco sessões para apresentar sua defesa. Motta afirmou que “são dois parlamentares que receberam condenação do STF (Zambelli e Ramagem). E para proteger as prerrogativas parlamentares, estamos trazendo essas condenações para que o plenário possa dar seu veredito final”. Ele acrescentou que o rito foi abreviado no caso de Ramagem. “Quem pode mais na Casa é o plenário", disse.



