Hugo Motta perdeu o controle da Câmara, dizem deputados
Críticas da esquerda, do centrão e da direita crescem em grupos de WhatsApp de parlamentares
247 - Parlamentares de diferentes alas políticas intensificaram críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após as votações que evitaram a cassação de Carla Zambelli (PL-SP) e aplicaram suspensão de seis meses a Glauber Braga (PSOL-RJ). Segundo o jornal O Globo, mensagens de WhatsApp refletem a crescente insatisfação interna sobre a condução dos trabalhos no plenário.
Representantes do Centrão, da oposição e da esquerda avaliam que Motta sai enfraquecido do episódio, com sua autoridade questionada tanto por aliados quanto por adversários no Parlamento. A assessoria do presidente da Câmara não apresentou manifestação oficial sobre as reclamações que circulam nos bastidores.
Nos grupos de WhatsApp da bancada do PL e do PP, deputados manifestaram incômodo com a postura de Motta durante as votações dessa semana. A principal reclamação no Centrão refere-se à articulação que não teria sido capaz de assegurar a cassação de Braga, um dos críticos mais contundentes do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Conforme relatos de um dos líderes centrais, havia um entendimento entre Lira e Motta para levar adiante o processo de perda de mandato, mas o resultado final frustrou expectativas.
Diante da falta de votos suficientes para cassar Braga, líderes próximos a Motta recalibraram a estratégia e passaram a orientar a votação pela suspensão do mandato por seis meses. Deputados como Doutor Luizinho (PP-RJ), Pedro Lucas (União Brasil-MA) e Adolfo Viana (PSDB-BA) telefonaram a suas bancadas defendendo a mudança de rumo, em uma tentativa de preservar a unidade do grupo.
Mensagens internas às quais o jornal teve acesso mostram que, em um grupo do PP, Arthur Lira criticou a condução dos trabalhos, mencionando o que considerou “falta de controle do plenário” e chamando a situação de “esculhambação”. O ex-presidente da Câmara lamentou ainda a exposição de Motta no episódio, especialmente após a tentativa de obstrução por parte de Braga, que chegou a ocupar a cadeira da presidência para atrasar os trâmites e foi vítima da truculência de policiais legislativos.
Líderes afirmam que a insistência em pautas de alto risco sem a articulação necessária contribuiu para o desgaste de Motta. Um parlamentar do Centrão observou que a cassação de Braga era tida como praticamente certa, dada a irritação de muitos deputados com sua atuação em plenário e comissões, mas destacou que faltou habilidade política para converter isso em votos.
Na avaliação de outro aliado, ao não conseguir a cassação pretendida, Motta “errou um pênalti sem goleiro”, consolidando a percepção de fragilidade entre os pares e ampliando questionamentos sobre sua capacidade de liderança na Câmara.



