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Planalto tenta reaproximação entre Lula e Alcolumbre em meio a disputa pelo STF

Lula indicou Messias para o STF e desagradou o presidente do Senado, que agora quer o comando de bancos e autarquias

Jorge Messias, Lula e Davi Alcolumbre (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Carlos Moura/Agência Senado)

247 - O Palácio do Planalto intensificou articulações para promover, nos próximos dias, um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A movimentação busca reduzir a tensão criada após o anúncio da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). A leitura interna é de que apenas uma conversa direta poderá destravar a relação entre os dois Poderes.

Segundo o Metrópoles, aliados garantem que Lula manifestou interesse em conversar pessoalmente com Alcolumbre, e a expectativa é de que o encontro ocorra até a próxima semana. O objetivo central seria estabelecer um diálogo franco e compreender os reais pleitos do senador, cuja insatisfação tem colocado em risco o avanço da indicação de Messias no Senado.

A reunião chegou a ser cogitada como oportunidade para Lula entregar presencialmente a Alcolumbre a mensagem formalizando a escolha de Jorge Messias para a vaga no Supremo. Esse gesto, no entanto, segue em avaliação, uma vez que o governo teme iniciar oficialmente o processo antes de assegurar apoio suficiente para a aprovação do indicado. Messias enfrenta resistência significativa na Casa, que demonstra preferência pelo nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

De acordo com Igor Gadelha, do Metrópoles, Alcolumbre carrega uma “fatura” elevada a ser apresentada ao governo. Ele deseja assumir o comando de estruturas estratégicas: Banco do Brasil, Banco do Nordeste (BNB), Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Lula estaria disposto a ceder parte desses espaços, mas não todos, priorizando neste momento a aprovação de Messias ao STF.

A resistência do Senado à indicação tornou-se evidente após Alcolumbre romper a interlocução com o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA). O distanciamento ampliou a dificuldade do Planalto em compreender exatamente quais são os limites e exigências do presidente do Senado. Aliados afirmam que não há 'pedidos obscuros', mas reconhecem a irritação de Alcolumbre com a condução política do processo.

Entre as queixas, pesa o fato de que a indicação de Messias teria sido anunciada sem um telefonema prévio ao presidente do Senado e antes mesmo do envio da mensagem formal. Setores da Casa veem a vaga como uma oportunidade inesperada que chegou às mãos de Lula, e defendem que o presidente divida “o bônus” da escolha com o Legislativo.

Aliados de Rodrigo Pacheco sustentam, ainda, que existe uma dívida política entre Lula e o senador mineiro. Para eles, Pacheco, que confrontou diretamente o governo de Jair Bolsonaro (PL) e terá uma eleição considerada difícil pela frente, seria o único nome sem garantia de proteção institucional caso não seja conduzido ao STF.

A irritação de Alcolumbre ficou clara horas após o anúncio de Messias, quando ele incluiu na pauta do Senado projetos considerados desfavoráveis ao governo. Apesar disso, marcou a votação sobre o indicado para 10 de dezembro, após cogitar antecipar o rito para o dia 3. O Planalto, porém, não deseja acelerar a tramitação, temendo que a pressa exponha fragilidades na base aliada.

O rito da indicação ao Supremo permanece o mesmo: Lula envia a mensagem oficial, publicada também no Diário Oficial da União, e o Senado remete o caso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Sob comando de Otto Alencar (PSD-BA), a comissão escolhe um relator para emitir parecer e, posteriormente, sabatina Jorge Messias. A votação na CCJ é secreta e exige maioria simples. No plenário, o indicado precisará de ao menos 41 votos entre os 81 senadores. Aprovado, o presidente formaliza a nomeação por decreto, e o STF agenda a posse do novo ministro.

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