Sem acordo, Câmara empurra votação da PEC da Segurança para 2026
Proposta do governo enfrenta resistência de governadores e oposição e ainda precisa passar por comissão especial
247 - A Câmara dos Deputados decidiu adiar para 2026 a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, após não haver consenso em torno do texto. A definição ocorreu nesta segunda-feira (15), em meio a impasses entre o governo, a oposição e representantes dos estados, frustrando a expectativa do Planalto de concluir a tramitação ainda neste ano. O adiamento é interpretado como uma derrota política para o governo federal, que encaminhou a proposta ao Congresso Nacional com a intenção de aprová-la em 2025. As informações são do G1.
Decisão adiada após impasse político
Relatada pelo deputado Mendonça Filho (União-PE), a PEC já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. No entanto, o texto ainda precisa ser analisado por uma comissão especial antes de seguir para o plenário, etapa que acabou sendo postergada diante da ausência de acordo político.
Havia expectativa de que a comissão especial votasse a proposta nesta terça-feira (16). O relator chegou a apresentar uma nova versão do texto na semana anterior, mas a falta de consenso levou ao adiamento da análise.
Acordo para 2026
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), confirmou que a matéria ficou fora da agenda deste ano legislativo. “PEC da Segurança e o PL Antifacção ficam para o próximo ano”, afirmou. Após reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), também confirmou o entendimento entre as lideranças. “Foi acordo. Tanto o PL Antificação e a PEC da Segurança no próximo ano”, declarou.
Resistência de estados e pontos centrais da PEC
A PEC da Segurança Pública cria mecanismos para integrar as forças de segurança do país e é vista pelo Palácio do Planalto como uma das principais iniciativas no combate ao crime organizado. O governo avalia que a proposta permitiria maior coordenação nacional e padronização de ações no setor.
Entre os principais pontos, o texto amplia o papel da União na definição de diretrizes para a política nacional de segurança pública. Segundo o Ministério da Justiça, a medida busca integrar polícias e guardas municipais. A proposta também assegura à Polícia Federal competência para investigar milícias e crimes ambientais e amplia as atribuições da Polícia Rodoviária Federal, que passaria a se chamar Polícia Viária Federal, com responsabilidade sobre rodovias, ferrovias e hidrovias.
Governadores e secretários estaduais de segurança, no entanto, fizeram críticas ao texto ao longo dos últimos meses. Eles alegam que a proposta pode reduzir a autonomia dos estados e engessar a atuação das forças de segurança locais. Durante a tramitação na CCJ, esse embate levou o relator a retirar do parecer a prerrogativa exclusiva da União para legislar sobre o tema, considerado o principal ponto de controvérsia.



