HOME > Brasília

Senadores articulam mudanças para limitar alcance do PL da dosimetria

Proposta em análise no Senado busca impedir que redução de penas beneficie crimes comuns, mas ainda beneficia golpistas

Alessandro Vieira (Foto: Marcos Oliveira/Ag. Senado)

247 - Senadores articulam alterações no Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, com o objetivo de restringir o alcance da redução de penas prevista no texto. A principal preocupação é evitar que a medida extrapole os casos relacionados aos atos golpistas e acabe beneficiando autores de crimes comuns, informa Igor Gadelha, do Metrópoles.

As conversas são conduzidas pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE) em parceria com o líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE). Ambos atuam de forma coordenada, inclusive com o apoio de um mesmo grupo de assessores, em um arranjo conhecido nos bastidores como “gabinete compartilhado”.

A estratégia discutida entre Vieira e Campos prevê ajustes no texto para deixar explícito que as reduções de penas propostas no PL da Dosimetria se aplicariam exclusivamente a pessoas envolvidas nos atos golpistas, sem qualquer efeito sobre crimes comuns. A avaliação dos parlamentares é de que a redação aprovada pelos deputados abre margem para interpretações amplas, com impacto indesejado sobre a política penal.

Pedro Campos defendeu mudanças no projeto e fez duras críticas ao texto atual. “O Senado precisa alterar o PL da Dosimetria. Caso contrário, sob o pretexto de aliviar a pena de golpistas e salvar Bolsonaro, acabará beneficiando diversos tipos de criminosos. O texto já transmite à população a sensação de impunidade para quem atentou contra a democracia. Sem alterações, equivale a dar aval para que membros de organizações criminosas, ou mesmo aliciadores de menores, atuem na certeza de que o crime compensa, uma vez que reduz o tempo de prisão em regime fechado”, afirmou.

O próprio Alessandro Vieira também reconheceu a necessidade de ajustes no projeto. O senador relatou ter sido procurado pelo relator da proposta no Senado, Esperidião Amin (PP-SC), para apresentar sugestões de mudança no trecho mais sensível do texto. “Existe um problema, sim, quando você muda a regra da progressão de regime, que faz uma tentativa de mudança destinada apenas a quem está envolvido nos chamados atos golpistas, mas ela acaba ultrapassando e tocando alguns outros crimes”, disse Vieira.

Durante a tramitação da proposta na Câmara, o PSB já havia tentado corrigir esse ponto. À época, Pedro Campos apresentou um destaque para explicitar que a redução das penas não se aplicaria a crimes comuns. A iniciativa, no entanto, foi rejeitada pela maioria dos deputados, o que levou o debate a ser retomado agora no Senado, onde o projeto volta a ser analisado sob a relatoria de Esperidião Amin.

Artigos Relacionados