Governo do Rio lança operação permanente para desmontar mais de 13 mil barricadas no estado
Força-tarefa reunirá governo estadual e prefeituras para retirar barreiras do crime e recuperar vias na Região Metropolitana
247 - O governo do Rio de Janeiro prepara uma ação integrada para remover milhares de barricadas impostas por grupos criminosos em diferentes pontos da Região Metropolitana. Segundo levantamento divulgado pelo O Globo, ao menos 13.604 obstáculos já foram identificados em ruas e acessos estratégicos, afetando a mobilidade de milhões de pessoas.
A iniciativa prevê uma força-tarefa contínua, com atuação diária e de longo prazo. Nesta segunda-feira (17), o governador Cláudio Castro deve se reunir com prefeitos dos municípios envolvidos para definir responsabilidades e ajustar o cronograma da operação.
Nas palavras do governador, “temos georreferenciados mais de 13 mil pontos de barricadas na capital, na Baixada Fluminense e no Leste Fluminense. Nesta segunda-feira, vamos nos reunir com os prefeitos para dividir tarefas com eles. Chamei todos os prefeitos da Região Metropolitana, de todos os matizes (políticos)”.
Áreas críticas e vias expressas
Embora o problema se espalhe por toda a região, o estado considera São Gonçalo e São João de Meriti como pontos de maior gravidade, devido à atuação intensa de grupos armados e disputas territoriais. As barricadas proliferam tanto em vias internas quanto nos acessos às grandes rodovias e expressas, como a Avenida Brasil e a BR-101.
A presença do tráfico tem se aproximado cada vez mais dessas vias, afetando motoristas e moradores. Em áreas como Vigário Geral, Vila Kennedy e Cidade Alta, bloqueios com fogo, entulhos, carros abandonados e estruturas improvisadas têm fechado acessos importantes, dificultando o trânsito e ampliando o clima de insegurança.
Operação busca remover estruturas e impedir reconstruções
O plano do governo não se limita à simples liberação de ruas. A meta é desmontar toda a infraestrutura criminosa instalada para bloquear entradas e saídas, o que inclui valas, fradinhos de concreto, cabos, restos de madeira, barris e carcaças de veículos.
Castro destacou que a participação das prefeituras será decisiva para o êxito da operação: “Por isso, as prefeituras serão importantes, sobretudo, com caminhões para tirar esse material. Valas (abertas pelos bandidos) também serão aterradas. Vamos colocar concreto na mesma hora. O Estado provê os kits de demolição, de corte etc. Vamos começar com 50 equipamentos e, em seguida, aumentaremos até conseguir tirar tudo. Vamos utilizar também maquinário de contratos que temos com diferentes secretarias. E o papel da Polícia Militar será dar segurança para que o Estado possa entrar e retirar. A operação envolve prefeituras e diversas secretarias”.
O governador afirmou ainda que as ações serão permanentes até o fim de seu mandato, reforçando que reconstruções das barreiras não serão toleradas: “Quem botar barricadas de volta vai receber, no dia seguinte, uma visita do Bope e da Core”.
Barreiras são peça-chave no domínio territorial do crime
As barricadas se tornaram um dos principais instrumentos de controle territorial de facções armadas. Ao impedir a entrada de viaturas e dificultar operações policiais, elas criam áreas onde o poder público praticamente não consegue circular. Os materiais usados variam entre ferro chumbado ao asfalto, entulhos, veículos queimados, barris concretados e outros objetos resistentes.
Em setembro, dois policiais do 17º BPM ficaram feridos após explosivos serem acionados em uma dessas estruturas durante patrulhamento na comunidade do Barbante, na Zona Norte do Rio. O episódio reforçou a urgência de uma resposta estruturada e coordenada.
A expectativa do governo é que a operação integrada diminua os riscos à população, restabeleça a circulação em regiões estratégicas e enfraqueça a logística de grupos criminosos que hoje controlam diversos acessos urbanos na Região Metropolitana.



