Relatório sobre chacina no Rio enviado ao STF expõe contradições no número de prisões e apreensões
STF cobra novos dados do governo do Rio de Janeiro após identificar divergências sobre presos, laudos e imagens de câmeras corporais
247 - A megaoperação realizada nas comunidades da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, ganhou novos desdobramentos após o envio de relatórios ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o g1, o documento entregue pelo governo estadual ao ministro Alexandre de Moraes, relator temporário da ADPF 635, apresentou números de presos, laudos e apreensões, mas divergências identificadas pelo STF e por outros órgãos de controle motivaram novas exigências. A operação resultou na morte de 121 homens, sendo quatro policiais, e gerou questionamentos sobre a preservação das provas e a transparência das ações policiais.
Divergências no relatório chegam ao STF
O governo informou que 100 pessoas foram presas — 17 com mandado em aberto e 83 em flagrante — e que o total de fuzis apreendidos chegou a 96. No entanto, Moraes apontou inconsistências entre os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e aqueles apresentados por instituições como o Ministério Público.
O ministro também pediu detalhes sobre os documentos que embasaram a operação, os laudos elaborados após as mortes e os relatórios de inteligência que motivaram o cumprimento de mandados contra integrantes do Comando Vermelho.
Exigências de Moraes ao governo do Rio
Entre as determinações feitas ao governo estadual, Moraes exigiu:
– preservação integral das imagens das câmeras corporais utilizadas por policiais civis e militares;
– entrega de todos os laudos necroscópicos, com registros fotográficos e buscas de projéteis;
– envio dos relatórios de inteligência e dos documentos que apontaram a presença de 51 réus procurados;
– apresentação de medidas adotadas para cumprir determinação judicial expedida em 2 de novembro de 2025.
Falhas em câmeras corporais e laudos incompletos
O governo informou que 60 agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) usavam câmeras no momento da ação, mas alguns policiais relataram dificuldades para operar o equipamento. Uma análise técnica identificou a inoperância de 32 câmeras. A Polícia Militar afirmou ter solicitado a preservação de todo o material.
O governador Cláudio Castro declarou que os documentos foram encaminhados digitalmente ao STF. “Vão em forma digital. 100% do que o ministro relator foram respondidos, inclusive os arquivos que ele precisava”, afirmou.
Cobranças aos órgãos de controle
Ainda de acordo com a reportagem, o Tribunal de Justiça foi acionado a enviar a lista completa dos presos, além do resultado das audiências de custódia e das buscas e apreensões realizadas. O Ministério Público deverá entregar seus laudos periciais independentes e o Procedimento Investigatório Criminal, com todos os anexos. Já a Defensoria Pública deve informar se as famílias das vítimas têm recebido assistência e se o acesso às provas ocorre sem restrições.
Próximos passos no Supremo
Moraes agendou reuniões com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e com os chefes dos Ministérios Públicos estaduais e do Distrito Federal. Em seguida, receberá o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir o projeto de lei antifacções enviado pelo governo federal.


