Tarcísio projeta distanciamento do centrão e foco em São Paulo em 2026
Aliados avaliam que governador ganha autonomia política com pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
247 - O avanço da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República tem provocado uma reorganização estratégica no entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A avaliação de aliados próximos é de que o novo cenário abre espaço para que o chefe do Executivo paulista construa um caminho político mais autônomo, reduzindo a dependência tanto do bolsonarismo quanto do centrão, em um eventual segundo mandato. As informações são do Metrópoles.
Reconfiguração política no entorno do governador
Segundo interlocutores do Palácio dos Bandeirantes, a estratégia passa por fortalecer a imagem administrativa antes de qualquer ambição nacional. “O projeto é dar sequência ao trabalho em São Paulo para se firmar como administrador e político. Com isso, ele encerra esse ciclo de formação”, afirmou um auxiliar do governador.
A leitura é de que a consolidação de Flávio Bolsonaro como nome do bolsonarismo para 2026 reduz a pressão para que Tarcísio seja lançado como alternativa presidencial. Com isso, o governador poderia se desvincular gradualmente das articulações nacionais e priorizar a agenda estadual.
Desgaste do Centrão e mudança de cenário em Brasília
Aliados também veem no momento uma oportunidade para ampliar o distanciamento do centrão. Em Brasília, há receio de desgaste entre partidos desse campo político diante do avanço das investigações sobre emendas parlamentares, sob a relatoria do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal.
Uma fonte próxima ao governo paulista afirmou que, antes da definição do nome de Flávio Bolsonaro, Tarcísio era frequentemente tratado como ativo político. “Antes da indicação de Flávio, [o senador e presidente nacional do PP] Ciro Nogueira ficava usando Tarcísio como produto”, disse.
Na última sexta-feira, Nogueira declarou que prefere Flávio a Tarcísio “um milhão de vezes”, em meio ao esforço do senador do PL para atrair partidos de centro para sua articulação eleitoral. O contexto inclui ainda o impacto negativo da operação da Polícia Federal que atingiu Mariângela Fialek, ex-assessora do deputado Arthur Lira (PP-AL), investigada por suspeitas de desvio de emendas parlamentares.
Autonomia eleitoral e escolha do vice
Outro ponto citado como sinal de maior independência é a escolha do vice na chapa de reeleição em 2026. Diferentemente de 2022, quando a vaga foi usada como instrumento de articulação partidária, Tarcísio teria agora mais liberdade para uma decisão pessoal, sem necessidade de concessões políticas amplas.
Caso a candidatura de Flávio Bolsonaro seja mantida, o governador tem afirmado publicamente que apoiará o senador. Nos bastidores, porém, aliados indicam que o envolvimento será limitado. “Ele não deve pegar na mão do Flávio como fez com Ricardo Nunes”, afirmou um interlocutor, ao comparar com a atuação de Tarcísio na campanha do prefeito de São Paulo.
Discurso público e foco na gestão paulista
Apesar das análises internas, Tarcísio tem reiterado em discursos e entrevistas que seu foco permanece no estado de São Paulo. O governador tem destacado projetos estruturantes e o planejamento de longo prazo como marcas de sua gestão.
Durante agenda recente, ele afirmou: “É natural que coloquem um governador de São Paulo como presidenciável, isso faz parte, sempre tem sido assim. Mas eu sempre disse que o meu foco era o estado de São Paulo e eu continuo focado no estado de São Paulo. Não teve mudança nenhuma, apesar de especulação para cá, muita especulação, mas nunca a gente se colocou como candidato, pelo contrário, sempre disse que o nosso projeto é São Paulo”.
No dia anterior, ao apresentar um balanço da gestão, o governador reforçou a permanência no estado ao justificar investimentos de longo prazo. “Obviamente, a gente tem uma perspectiva e um planejamento de não parar de entregar. Do contrário, por que eu estaria fazendo o projeto da nova descida da Imigrantes? Só estamos fazendo porque acreditamos em planejamento de longo prazo. Por que a gente investiria em um projeto para iniciar uma obra ano que vem e que vai ficar pronta em 2030?”, questionou.



