"Sem paz não há desenvolvimento", diz Celso Amorim
Em evento do BRICS no Itamaraty, assessor especial do presidente Lula defende protagonismo do Sul Global na resolução de crises internacionais
247 – O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que a paz é condição indispensável para o desenvolvimento econômico e social, ao destacar a experiência do Brasil na mediação de conflitos internacionais. A declaração foi feita durante um workshop sobre mediação de conflitos promovido pela presidência brasileira do BRICS, realizado nos dias 16 e 17 de dezembro, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
A informação foi divulgada originalmente pelo portal RT Brasil, que acompanhou o encontro e repercutiu as principais falas do diplomata. Segundo Amorim, o evento teve como objetivo valorizar o acúmulo de conhecimento e as lições aprendidas por países do Sul Global na resolução de crises, demonstrando que essas nações possuem capacidade técnica e política para atuar como mediadoras sem depender exclusivamente das tradicionais capitais do eixo ocidental.
Durante sua intervenção, Amorim inverteu a conhecida máxima do Papa Paulo VI para reforçar sua mensagem central. “A paz é indispensável ao desenvolvimento”, afirmou. Em seguida, explicou o sentido da reflexão: “Promover a paz é o objetivo mais nobre da diplomacia. Em 1967, o Papa Paulo VI disse famosamente que o desenvolvimento é o novo nome da paz. O inverso também é verdadeiro. A paz é indispensável ao desenvolvimento”.
O embaixador destacou que conflitos armados e instabilidade política inviabilizam qualquer projeto consistente de crescimento econômico, inclusão social e redução das desigualdades, especialmente nos países em desenvolvimento. Para ele, fortalecer mecanismos de diálogo e mediação é uma tarefa estratégica para o futuro do sistema internacional.
Ao tratar do papel brasileiro nesse campo, Amorim relembrou a atuação do país em 2010, durante o governo do presidente Lula, nas negociações envolvendo o programa nuclear do Irã. Ele citou a Declaração de Teerã, assinada conjuntamente por Brasil, Irã e Turquia, como um marco da diplomacia brasileira na busca pela redução de tensões globais e na afirmação de uma política externa ativa e altiva.
O workshop do BRICS contou ainda com a participação de países convidados, como Turquia e Catar, reconhecidos internacionalmente por suas experiências em processos de mediação. Amorim também ressaltou o papel histórico da África do Sul na transição democrática do período pós-Apartheid, apresentada como exemplo bem-sucedido de resolução de conflitos internos por meio do diálogo político.
Para o assessor especial, encerrar o ciclo da presidência brasileira do BRICS com uma discussão centrada na promoção da paz tem um forte valor simbólico. Embora o bloco tenha avançado em agendas como inteligência artificial e energias renováveis, Amorim avaliou que a capacidade de dialogar, prevenir crises e resolver conflitos permanece como a missão mais nobre e essencial para o futuro dos países membros e para a construção de uma ordem internacional mais equilibrada e multipolar.





