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Entenda o que significam as relações 'sugar baby' e 'sugar daddy'

Doação de apartamento Daniel Vorcaro a Karolina Trainotti reacende debate sobre vínculos financeiros e modelos de relacionamento

Karolina Trainotti, “sugar baby” de Daniel Vorcaro (Foto: Reprodução / Instagram)

247 - A transferência de um apartamento de alto padrão na região da Faria Lima, em São Paulo, para a influenciadora Karolina Trainotti, 29 anos, revelada pelo UOL, trouxe holofotes para dinâmicas afetivas e financeiras conhecidas como relações sugar. O caso está conectado ao empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, cuja estrutura societária surge na cadeia de propriedade do imóvel avaliado em R$ 4,3 milhões.

A doação ao nome de Trainotti — que responde a processo por lavagem de dinheiro em favor de Rowles Magalhães, investigado por tráfico internacional de cocaína — ampliou questionamentos sobre a origem dos recursos e sobre a justificativa apresentada pela influenciadora. Em sua defesa, ela afirma que recebia valores e presentes por ser “sugar baby” de Rowles, tese que busca sustentar judicialmente.

O que é ser 'sugar baby' e 'sugar daddy'

O termo sugar baby refere-se à pessoa — frequentemente mais jovem — que mantém um relacionamento baseado em troca de companhia, afeto ou convivência com alguém disposto a oferecer suporte financeiro. Esse parceiro, usualmente mais velho e economicamente estável, é chamado de sugar daddy (quando homem) ou sugar mommy (quando mulher).

Esses arranjos costumam envolver presentes, viagens, mesadas ou acesso a um padrão de vida superior, estabelecidos por acordos informais que variam conforme cada relação. Embora não configurem ilegalidade, suscitam debates sobre autonomia, interesses, desigualdade de poder e potenciais vulnerabilidades.

A narrativa 'sugar' no centro da investigação

De acordo com o Ministério Público Federal, Karolina teria sido “destinatária dos recursos de origem criminosa que Rowles pretendia omitir”, recebendo R$ 271 mil entre 2020 e 2021. A influenciadora nega irregularidades e afirma que os repasses eram parte do relacionamento entre ambos. Desde 2023, ela é representada pelo advogado Eugênio Pacelli, que também atua em causas de interesse de Vorcaro.

A doação do apartamento foi formalizada em dezembro de 2024 sem menção direta ao banqueiro. Registros, porém, indicam que o imóvel havia sido adquirido em 2020 pela Viking Participações, empresa ligada a Vorcaro, e repassado em 2024 à Super Empreendimentos e Participações, sociedade que reúne diversos bens associados ao empresário. Essa estrutura inclui sua residência de R$ 36 milhões em Brasília e um apartamento de R$ 50 milhões em São Paulo. A companhia já teve como diretor um cunhado do banqueiro.

Moradora do imóvel, Trainotti reúne cerca de 34 mil seguidores no Instagram e costuma exibir viagens a destinos de luxo, como Sardenha, Míconos e roteiros nacionais. Procurada pelo UOL, não comentou o episódio. Seu advogado afirmou que ela não se manifestaria sobre a doação. Vorcaro também não respondeu.

Repasses, investigações e dinâmica financeira

O banqueiro foi preso preventivamente em novembro sob suspeita de envolvimento em fraude ligada a uma operação de R$ 12 bilhões com o BRB, sendo solto 12 dias depois por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

A denúncia que envolve Karolina tramita na Justiça Federal da Bahia e descreve um esquema de dólar-cabo, método usado por doleiros para movimentar recursos ilícitos no exterior. As investigações apontam que parte do dinheiro enviado à influenciadora teria origem no tráfico internacional de cocaína na Europa.

Após a quebra de sigilo, investigadores identificaram repasses que totalizam R$ 271 mil, incluindo operações executadas por doleiros. Um deles relatou que Rowles “chegava e passava as contas da família dele (…) e da amante, que era a Karolina”. Em uma troca de mensagens de 2020, ao ser perguntado sobre o valor de que precisava, respondeu: “uns 15 mil daí”, quantia depositada no mesmo dia.

Para o MPF, “a forma como as transações foram realizadas não deixa dúvida acerca da intenção de ocultação da origem, localização, disposição, movimentação e propriedade de valores oriundos do tráfico internacional de drogas”. A defesa alega que Karolina recebia uma mesada na condição de sugar baby e “nunca soube do suposto tráfico de drogas imputado aos corréus”.

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