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Mélenchon denuncia ofensiva dos EUA e manifesta solidariedade à Venezuela

Líder da esquerda francesa critica ataque naval, acusa agressão imperialista e alerta para escalada militar nas proximidades do país sul-americano

Jean-Luc Melenchon (Foto: Reuters)

247 - O líder da esquerda francesa Jean-Luc Mélenchon reagiu com dureza aos recentes ataques realizados pelos Estados Unidos nas proximidades da Venezuela, classificando a ofensiva como uma agressão inaceitável e denunciando o que considera uma política de saque e violência promovida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A manifestação ocorre em meio ao aumento da presença militar estadunidense no Caribe e no Pacífico Oriental, região estratégica para a Venezuela.

A crítica foi publicada nesta terça-feira (30) pelo próprio Mélenchon em suas redes sociais. Na postagem, o dirigente afirmou: “Trump ataca a Venezuela. Agressão insuportável para saquear este país. Eis o mundo da Otan: genocídio sem limites, agressões do império em todos os lugares onde a ganância o empurra. Total solidariedade com a Venezuela, força e coragem a seu governo e a seu povo para conduzir uma resistência vitoriosa”.

A declaração do parlamentar francês ocorre após a Marinha dos Estados Unidos realizar um novo ataque contra uma embarcação no Pacífico Oriental, na noite de segunda-feira (29). A ação resultou na morte de dois tripulantes. Segundo autoridades militares dos EUA, a operação teve como base informações de inteligência que apontariam o suposto envolvimento da embarcação com atividades de narcotráfico em rotas conhecidas da região e ocorreu em águas internacionais, com autorização do secretário de Guerra, Pete Hegseth.

Em nota oficial, o Comando Sul dos Estados Unidos confirmou o caráter letal da ação e afirmou que o alvo seria uma embarcação vinculada a organizações classificadas por Washington como terroristas. “Realizamos um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por Organizações Terroristas Designadas em águas internacionais. A inteligência confirmou que a embarcação estava transitando por rotas conhecidas de tráfico no Pacífico Oriental e envolvida em operações de narcotráfico. Dois narcoterroristas foram mortos. Nenhuma força militar dos EUA foi ferida”, informou o comando militar.

Desde setembro, os Estados Unidos intensificaram operações navais no Caribe e no Pacífico, com a destruição de pelo menos 30 embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. A ofensiva ocorre nas proximidades das costas da Venezuela e da Colômbia, áreas consideradas estratégicas nas rotas marítimas do narcotráfico internacional.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem acusado cartéis latino-americanos de utilizarem rotas marítimas para transportar drogas com destino ao território estadunidense. Com esse argumento, o governo norte-americano vem justificando a ampliação da presença militar na região.

Em Caracas, a escalada militar acendeu um alerta. O presidente Nicolás Maduro determinou a mobilização de militares e milicianos para reforçar o patrulhamento das fronteiras, diante do receio de que a ofensiva naval dos Estados Unidos possa representar uma ação disfarçada para promover uma mudança de governo na Venezuela.

A preocupação aumentou nas últimas semanas com o crescimento da presença militar estadunidense no Caribe. Além de navios de guerra e submarinos, Washington deslocou caças F-35 e o porta-aviões USS Gerald R. Ford, considerado o maior e mais moderno do mundo, para a região.

Outra frente da ofensiva foi o bloqueio de navios petroleiros venezuelanos sancionados, medida que afeta diretamente a principal fonte de receita da economia do país. Nesta semana, Donald Trump afirmou ainda que os Estados Unidos atacaram uma “grande instalação portuária” na Venezuela na sexta-feira (26), supostamente utilizada para o carregamento de drogas.

Caso essa informação seja confirmada, o episódio poderá marcar o primeiro ataque terrestre conhecido em território venezuelano desde o início da campanha de Washington contra Caracas, ampliando de forma significativa o nível de tensão regional e reforçando as críticas internacionais, como as expressas por Jean-Luc Mélenchon, à política externa dos Estados Unidos em relação à Venezuela.

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