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Acareação do caso Master será conduzida por juiz auxiliar de Toffoli

Audiência por videoconferência vai confrontar versões sobre suposta fraude de R$ 12,2 bilhões na tentativa de venda do banco ao BRB

Dias Toffoli (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

247 - A acareação envolvendo Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, Paulo Henrique Costa, ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), e Ailton de Aquino, diretor do Banco Central, será conduzida por um juiz auxiliar do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva foi marcada para ocorrer por videoconferência, às 14h do penúltimo dia do ano, e terá como base um conjunto de perguntas que também deverá ser elaborado pelo próprio ministro.

O objetivo da acareação é confrontar versões relacionadas à suspeita de fraude estimada em R$ 12,2 bilhões na tentativa frustrada de venda do Banco Master ao BRB.

Mesmo diante da manifestação contrária do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ministro manteve a realização da acareação. Gonet avaliou que a medida seria “prematura” neste estágio das apurações e solicitou que o procedimento fosse suspenso por tempo indeterminado. Para o chefe do Ministério Público Federal, a acareação só deveria ser determinada após o preenchimento dos requisitos que justificam sua utilidade no curso da investigação.

O pedido, no entanto, foi rejeitado por Dias Toffoli por volta das 23h da véspera de Natal. Na decisão, o ministro sustentou que já existem elementos suficientes para justificar a acareação na fase atual do inquérito, indicando a presença de contradições relevantes nas informações apuradas até o momento.

Na prática, a acareação é um instrumento jurídico utilizado quando há divergências ou possíveis omissões nos depoimentos de investigados. O procedimento permite que as partes sejam colocadas frente a frente para esclarecer versões conflitantes. Neste caso específico, porém, a determinação chama atenção por ter sido tomada antes mesmo da realização de depoimentos formais dos investigados no âmbito do inquérito.

Outro ponto que gerou surpresa entre investigadores é o fato de a acareação ter sido ordenada sem solicitação da Procuradoria-Geral da República ou da Polícia Federal. Segundo apuração da CNN Brasil, a decisão causou estranhamento entre procuradores, integrantes do Banco Central e responsáveis pela investigação, que avaliam a medida como precipitada neste momento.

Há ainda, conforme relatos obtidos pela emissora, a percepção de que o confronto direto entre Daniel Vorcaro e Ailton de Aquino poderia gerar constrangimento institucional ao Banco Central. A autarquia foi responsável por apontar as supostas irregularidades ao analisar a integridade da operação de venda do Banco Master ao BRB, o que reforça a sensibilidade do caso no atual estágio das apurações.

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