Candidatura natimorta: para o Centrão, Flávio não levará plano presidencial até o fim
Lideranças veem mais potencial em Tarcísio e avaliam que anúncio do filho de Bolsonaro não deve se sustentar ao longo de 2026
247 - Lideranças do Centrão mantêm a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome competitivo para a disputa presidencial de 2026, mesmo após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciar que foi escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), para sucedê-lo politicamente, informa a Folha de São Paulo.
Dirigentes das principais siglas do bloco entendem que o governador teria maior capacidade de unificar partidos como PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSD em torno de uma candidatura capaz de enfrentar o presidente Lula (PT). Já Flávio, avaliam esses interlocutores, não dispõe da mesma força política e dificilmente consolidará apoio amplo.
Para políticos do Centrão, caso o filho mais velho de Bolsonaro concorra ao Planalto, o efeito imediato seria a fragmentação ainda maior da direita, que já conta com nomes postos como os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR). Um dirigente do bloco, em caráter reservado, afirmou que “dificilmente Flávio vai conseguir o apoio de todos os partidos”, destacando que levantamentos internos apontam melhor desempenho de Tarcísio, enquanto membros da família Bolsonaro enfrentam rejeição elevada.
Aliados do governador relatam que ele resiste à ideia de enfrentar Lula em meio às tensões no campo bolsonarista e só aceitaria disputar se houvesse unidade plena. A leitura de parte da classe política é que o movimento de Flávio representa mais uma estratégia de sobrevivência do que uma candidatura sólida — especialmente agora que seu pai cumpre pena em regime fechado por tentativa de golpe de Estado e permanece inelegível.
A antecipação do anúncio também é vista como fator que fragiliza o senador, tornando-o mais exposto a ataques e à lembrança de episódios como o caso da rachadinha, cujas provas foram anuladas pelo STF em 2021. Aliados de Flávio dizem que ele passou a acreditar que está na mira do ministro Alexandre de Moraes após convocar vigília em defesa do ex-presidente — ato citado na ordem de prisão.
Sem mencionar nomes, Antônio Rueda, presidente da federação União Brasil–PP, criticou a polarização, sugerindo que a indicação de alguém da família Bolsonaro poderia intensificar divisões. “Os últimos acontecimentos apenas reforçam o que sempre defendemos: em 2026, não será a polarização que construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro”, declarou.
Ronaldo Caiado reafirmou sua pré-candidatura: “Ele tem o direito de buscar viabilizar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro. Da minha parte, sigo pré-candidato a presidente e estou convicto de que no próximo ano vamos tirar o PT do poder e devolver o Brasil aos brasileiros”, afirmou.
Romeu Zema também apoiou o movimento do senador. “Quando anunciei minha pré-candidatura ao presidente Bolsonaro ele foi claro: múltiplas candidaturas no primeiro turno ajudam a somar forças no segundo. Então, faz todo sentido o Flávio apresentar seu nome à Presidência. É justo e democrático”, escreveu nas redes.



