Eduardo Bolsonaro pede unidade em torno de Flávio: "estamos à beira do precipício"
Filho do ex-presidente radicaliza discurso ao defender a candidatura do irmão à Presidência
247 - A postagem divulgada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na sexta-feira (5) tornou-se mais um capítulo da ofensiva retórica da família Bolsonaro. No texto, ele exalta a candidatura do irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), à Presidência e acusa as instituições brasileiras de impor um “regime de exceção”. A manifestação pública foi acompanhada de uma convocação dramática por “união” diante do que descreve como uma iminente ameaça à liberdade.
Eduardo Bolsonaro afirma receber “com profunda admiração, alegria e um imenso orgulho” a confirmação da candidatura do irmão. A partir daí, o deputado constrói uma narrativa messiânica e vitimista, na qual o clã Bolsonaro seria alvo de perseguições e injustiças, ao mesmo tempo em que se apresenta como única força capaz de impedir o avanço de uma suposta tirania no país.
Em sua mensagem, Eduardo reforça a imagem de Flávio como alguém disposto ao sacrifício pessoal ao entrar na disputa. “Meu irmão poderia, com toda justiça, escolher o caminho mais simples (...). Mas ele não o fez”, escreveu, atribuindo a decisão ao exemplo do pai, Jair Bolsonaro (PL), que cumpre pena de mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Ao recorrer a essa lógica de devoção, o deputado tenta reposicionar a atuação política da família como um gesto de abnegação, apesar do histórico de denúncias, investigações e controvérsias que cercam o ex-mandatário e seus filhos.
O deputado também sustenta que o “povo desejava” o retorno do pai à disputa, mas que essa suposta vontade popular teria sido interrompida por uma “tirania que avança sobre nossa nação”. “Julgaram que assim nos calariam. Julgaram que nos quebrariam. Que desistiríamos. Mas não entenderam com quem estavam lidando”, diz o texto, reforçando a retórica de confronto permanente — marca registrada do bolsonarismo.
Ao defender que Flávio Bolsonaro “erguerá a bandeira dos ideais do nosso pai”, Eduardo transforma a candidatura do irmão numa espécie de missão salvacionista. “Ele será o rosto da esperança em meio ao medo; da liberdade em meio à opressão”, afirma, em mais um esforço para recolocar o núcleo familiar como protagonista do cenário político.
O tom alarmista culmina na frase que ganhou destaque: “Estamos à beira do precipício. Os inimigos da liberdade estão a um passo de consolidar o regime que desejam". Com isso, Eduardo Bolsonaro busca dramatizar a conjuntura e justificar sua convocação para que apoiadores deixem de lado “diferenças menores” em nome de uma unidade nacional alinhada ao projeto da família.
A publicação encerra com um apelo religioso e uma conclamação final à mobilização: “Que Deus nos abençoe, porque a liberdade nunca é dada, ela é conquistada. E é agora que precisamos lutar por ela". A retórica reforça a estratégia política que mistura fé, enfrentamento institucional e personalismo, direcionada a manter coeso o núcleo radical de seguidores e sustentar a trajetória eleitoral do grupo no cenário nacional.



