Governo avalia tirar gastos com segurança pública do arcabouço fiscal, diz Lewandowski
Ministro diz que governo avalia retirar parte do gasto com segurança das restrições fiscais e admite minoria no Congresso para alterar PL Antifacção
247 - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda retirar parte das despesas de segurança pública das limitações impostas pelo arcabouço fiscal. Durante um evento produzido pelo portal Jota, segundo O Globo, Lewandowski disse que, o governo avalia um modelo semelhante ao adotado para a área de Defesa, que recebeu R$ 30 bilhões fora das travas fiscais.
No evento, o ministro afirmou que “o presidente Lula está convencido de que é preciso, talvez, chegarmos numa fórmula de colocarmos à disposição da segurança pública um determinado valor que tem que sair necessariamente do cômputo do teto de gastos”.
Governo avalia mudanças no arcabouço fiscal
Ao tratar do tema, Lewandowski ressaltou que investimentos robustos são indispensáveis para enfrentar o crime organizado e que a política fiscal atual limita a capacidade da União de responder de forma mais estruturada. Para o ministro, a alteração permitiria novas estratégias de atuação conjunta entre órgãos federais, estados e municípios.
Críticas ao PL Antifacção de Derrite
Durante o evento, o ministro também criticou o texto substitutivo do projeto de lei antifacção apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), aliado do bolsonarismo. Segundo Lewandowski, apesar das revisões feitas pelo relator, o projeto ainda apresenta problemas. Ele afirmou que “no que remanesceu, desistiram de cercear as competências da PF [Polícia Federal]. Eles pegaram por outro ângulo, estão cerceando, digamos assim, os recursos para a PF e as demais forças de segurança”.
Lewandowski avaliou que a proposta esvazia fundos federais ao priorizar fundos estaduais, o que, em sua visão, ocorre “descapitalizando, a meu ver, também inconstitucionalmente, os fundos federais”. A votação do texto está prevista para esta terça-feira.
Discussão sobre segurança enfrenta minoria no Congresso
Ainda de acordo com a reportagem, o ministro admitiu que o governo enfrenta dificuldades para alterar o conteúdo do projeto. “Todos sabem que nós não somos majoritários na Câmara e, muito menos, no Senado. As perspectivas de nós emplacarmos um projeto alternativo são muito pequenas”, disse. Para ele, restam dois caminhos. “Ou nós rejeitamos o projeto do Derrite em bloco, ou então vamos começar a discutir, ponto a ponto, eventuais emendas que vamos fazer e, também nesse aspecto, somos minoritários”.
Lewandowski aponta riscos em alterar a Lei Antiterrorismo
Outro ponto criticado por Lewandowski foi a proposta, já retirada pelo relator, mas ainda defendida pela oposição bolsonarista, de alterar a Lei Antiterrorismo. O ministro classificou a ideia como um risco internacional para o país. Ele afirmou que “seria até uma atitude de quase um crime de lesa-pátria porque escancararíamos as portas do Brasil para uma eventual intervenção estrangeira (...) Qual é a empresa ou governo estrangeiro que vai investir num país que reconhecidamente, por lei, tem organizações terroristas?”.
Governo defende iniciativas já enviadas ao Parlamento
Lewandowski também rebateu a tese de que governos de esquerda enfrentam dificuldades em lidar com a segurança pública. Ele destacou que o Executivo já encaminhou ao Congresso um conjunto de propostas que estruturam o enfrentamento ao crime organizado.
“Nós temos pelo menos quatro projetos de combate à criminalidade que estão sendo apreciados pelo parlamento brasileiro: a PEC da Segurança Pública, a lei antifacção, a lei que diz respeito às penas de receptação e a lei do devedor contumaz. Nós fizemos o nosso trabalho”, afirmou.
Influência do debate sobre segurança nas eleições
Sobre a influência eleitoral no debate, o ministro avaliou que o tema tende a ser explorado intensamente. Ele lembrou que “esse problema todo eclodiu, talvez precocemente, com aquela operação do Rio de Janeiro, mas achamos que eclodiria certamente nas eleições (...) todo o mundo vai dar um palpite e quem gritar mais ou se mostrar mais indignado talvez receba o maior número de eleitores, mas solução que é bom, ninguém tem”.



