Greve nos Correios atinge 9 estados e afeta entregas
Paralisação ocorre durante mediação no TST e envolve sindicatos de várias regiões
247 - Funcionários dos Correios iniciaram uma greve em nove estados brasileiros em meio às negociações do acordo coletivo da categoria, que estão sendo conduzidas sob mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A paralisação teve início na quarta-feira (17) e alcançou unidades nos estados do Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de regiões de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em um período marcado pelo aumento expressivo da demanda por entregas. Segundo a empresa, dos 36 sindicatos que representam os empregados dos Correios, 12 aderiram formalmente à greve. As informações são do Estadão Conteúdo.
Greve começa em estados estratégicos
Apesar da paralisação, os Correios afirmam que a maior parte das atividades segue em funcionamento. De acordo com a estatal, na sexta-feira (19), cerca de 90% do efetivo permanecia em atividade. Em nota, a empresa informou que “as agências permanecem abertas para atendimento ao público, e as entregas estão sendo realizadas em todo o país”.
A empresa também declarou ter adotado “medidas contingenciais” para assegurar a continuidade dos “serviços essenciais à população”. Ainda assim, usuários relataram nas redes sociais atrasos no recebimento de encomendas e demonstraram preocupação com os impactos da greve em um dos períodos de maior fluxo logístico do ano.
TST impõe funcionamento mínimo
Diante da mobilização, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou a manutenção mínima de 80% dos trabalhadores em atividade nas unidades onde há paralisação. A decisão liminar, proferida na quinta-feira (18), estabelece multa diária de R$ 100 mil por sindicato em caso de descumprimento.
Na decisão, a ministra do TST Kátia Magalhães Arruda afirmou que a deflagração da greve “compromete a boa-fé negocial, especialmente porque houve compromisso expresso das entidades sindicais de não realizar paralisações enquanto as negociações estivessem em curso”.
Reivindicações dos trabalhadores
Entre as principais reivindicações da categoria estão o reajuste salarial com reposição da inflação, adicional de 70% sobre as férias, pagamento de 250% para o trabalho aos fins de semana e feriados, além da manutenção de direitos já adquiridos. As federações que representam os trabalhadores mantêm a orientação para continuidade da greve durante o processo de negociação.
Em audiência realizada na terça-feira (16), ficou definido que a proposta construída na mediação, com vigência de dois anos, deverá ser submetida às assembleias da categoria até o dia 23 de dezembro, com previsão de assinatura do acordo em 26 de dezembro. Caso a proposta não seja aprovada, poderá ser instaurado dissídio coletivo, transferindo à Justiça a definição das cláusulas.
Impasse nas negociações
Os Correios afirmam que a proposta preserva benefícios históricos, mesmo diante de um cenário econômico-financeiro adverso. A empresa estima um déficit de R$ 5,808 bilhões neste ano, que, se confirmado, será o maior entre todas as estatais federais. Em nota, a estatal declarou que: “a proposta construída pelo TST, de forma dialogada com a empresa e as federações, representa uma oportunidade única de solução negociada, com validação governamental prévia e preservação de benefícios anteriormente conquistados”.
Já a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) afirmou que não aceitará acordos que impliquem perda de direitos. A entidade também orientou os sindicatos a ampliarem a mobilização, com possibilidade de uma greve nacional caso não haja avanço nas negociações. Segundo a federação, “infelizmente, diante da postura de intransigência da direção da ECT (Correios), que insiste em apresentar uma proposta com retirada de direitos, não foi possível avançar nas negociações. A Fentect reafirmou seu posicionamento firme de que não aceitará nenhuma proposta que implique perda de direitos dos trabalhadores”.



