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Imprensa internacional destaca risco de fuga e adulteração de tornozeleira por Bolsonaro

Veículos dos EUA, Europa e América Latina relatam suspeita de violação do monitoramento eletrônico e risco de evasão às vésperas do início da pena

Ex-presidente Jair Bolsonaro - 18/07/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)

247 - A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada neste sábado (22), desencadeou ampla repercussão na imprensa estrangeira, que enfatizou o risco de fuga e a suposta adulteração da tornozeleira eletrônica às vésperas do início do cumprimento da pena de 27 anos de prisão. Veículos dos Estados Unidos, Europa e América Latina também relacionaram a detenção ao processo sobre a tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022.

De acordo com reportagem do Broadcast, serviço em tempo real do Grupo Estado, jornais como The Washington Post, The Guardian, Le Monde, El País, Clarín e a emissora Al Jazeera deram destaque à decisão da Justiça brasileira e às condições que levaram Bolsonaro da prisão domiciliar ao regime fechado. As publicações convergiram na avaliação de que o episódio envolve suspeitas de descumprimento das medidas de monitoramento judicial.

O diário norte-americano The Washington Post afirmou que Bolsonaro “foi preso em meio a temores de distúrbios públicos”. O jornal destacou que “o ex-presidente foi detido preventivamente no sábado, dias antes de começar a cumprir sua pena de 27 anos de prisão por tentativa de golpe militar para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022, um plano que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o homem que o derrotou”. A publicação vinculou diretamente a medida ao contexto de tensão política e ao risco de instabilidade interna.

No Reino Unido, o The Guardian relatou que o ex-presidente foi detido “sob suspeita de tentativa de fuga”, ressaltando que a Justiça brasileira avaliou a possibilidade de Bolsonaro descumprir as condições de monitoramento impostas pelo Judiciário. O jornal britânico destacou que a adulteração da tornozeleira eletrônica, apontada pelas autoridades brasileiras, foi determinante para agravar a situação do ex-mandatário.

Na França, o Le Monde seguiu a mesma linha, informando que “o ex-líder do Brasil, Bolsonaro, foi levado sob custódia devido ao risco de fuga”. Além de registrar a avaliação da Justiça sobre o perigo de evasão, o veículo francês ressaltou os problemas de saúde do ex-presidente, mencionados pela defesa e presentes no debate público sobre o cumprimento da pena.

O jornal espanhol El País sublinhou que “a Polícia detém o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro após meses de prisão domiciliar”, chamando atenção para o fato de que a nova ordem de prisão foi expedida depois de ele supostamente ter adulterado a tornozeleira eletrônica pouco antes do possível início da pena em regime fechado. O veículo destacou a transição da prisão domiciliar para a prisão em estabelecimento penal.

Na Argentina, o Clarín noticiou que “Bolsonaro foi enviado à prisão para cumprir sua condenação de 27 anos” e mencionou relatos segundo os quais o ex-presidente teria tentado “romper sua tornozeleira eletrônica”. O jornal argentino enfatizou o caráter definitivo da medida, ao destacar o envio de Bolsonaro ao sistema prisional para execução da sentença.

A rede Al Jazeera, com sede no Catar, reforçou a proximidade do início da pena de 27 anos ao informar que Bolsonaro foi detido “dias antes” do potencial começo do cumprimento da sentença. A emissora ressaltou ainda o argumento apresentado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, segundo o qual havia a possibilidade de Bolsonaro buscar refúgio em embaixadas para solicitar asilo político.

Segundo a Al Jazeera, Moraes também apontou para o movimento de outros envolvidos no caso do golpe, lembrando que “o ministro do Supremo Tribunal Federal também mencionou outros réus no caso do golpe e aliados políticos do ex-presidente que deixaram o Brasil para evitar a prisão”. Ao reunir esses elementos, a cobertura internacional retratou a prisão de Bolsonaro como parte de um quadro mais amplo de responsabilização judicial por atos relacionados à tentativa de ruptura institucional.

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