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PL quer 'estratégia' chilena para pavimentar candidatura de Flávio Bolsonaro

Líder do PL defende união da direita, bancada robusta no Senado e enfrentamento ao STF

Senador Rogério Marinho (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

247 - O senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral do Partido Liberal e líder da oposição no Senado, afirma que a legenda trabalha com a perspectiva de repetir, no Brasil, um cenário semelhante ao ocorrido recentemente no Chile, onde a direita se unificou no segundo turno e conquistou a Presidência. Segundo ele, essa estratégia pode ser decisiva para viabilizar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro ao Planalto em 2026.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Marinho detalhou as articulações do PL para fortalecer o projeto presidencial, destacando a construção de alianças estaduais e a formação de uma bancada robusta no Congresso, especialmente no Senado, como pilares centrais da estratégia eleitoral.

Estratégia eleitoral mira união da direita no segundo turno

Para o dirigente do PL, a direita brasileira pode chegar fragmentada ao primeiro turno, mas tende a se unir na etapa decisiva da disputa. Ele cita como referência a eleição chilena, vencida por José Antonio Kast após a consolidação do apoio de outros candidatos conservadores no segundo turno, mesmo após ter ficado atrás no início da corrida eleitoral.

Segundo Marinho, a lógica é semelhante no Brasil: quem avançar ao segundo turno contará com o apoio das demais candidaturas do campo conservador, criando um bloco unificado capaz de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Senado forte é prioridade

Além da disputa presidencial, o senador enfatiza que o fortalecimento do Senado é um objetivo estratégico do partido. Na avaliação de Marinho, decisões recentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente do ministro Gilmar Mendes, reforçam no PL a necessidade de ampliar sua representação no Legislativo.

“Neste primeiro momento, nós estamos ajudando o nosso candidato a presidente nesse trabalho interno. Não só de contatos, mas também de formação de palanques em cada Estado, com partidos que convergem conosco”, afirmou. Segundo ele, mesmo com a impossibilidade de uma candidatura de Jair Bolsonaro, o foco permanece: “A estratégia permanece a mesma, de fazermos uma bancada consistente e maiúscula aqui no Senado da República”.

STF e equilíbrio entre os Poderes entram no discurso do PL

Questionado sobre a relação entre Executivo e Judiciário, Marinho defendeu uma revisão do que considera um desequilíbrio institucional. “Hoje existe uma espécie de convergência fora dos parâmetros da Constituição entre o Executivo e o Judiciário”, disse. Para ele, essa dinâmica permite que o governo recorra ao Judiciário para implementar políticas que não encontram respaldo no Parlamento.

Sobre a tentativa de dificultar processos de impeachment de ministros do STF, o senador afirmou: “Pelo contrário, fortalece em nós a necessidade de que o PL precisa ter uma maior representação tanto no Senado como na Câmara”.

Viagens internacionais e alianças ampliam exposição de Flávio

Marinho também comentou o papel do deputado Eduardo Bolsonaro na campanha presidencial. Segundo ele, Flávio Bolsonaro fará, em janeiro, uma série de viagens internacionais ao Oriente Médio e à Europa, acompanhado do irmão.

“É claro que Eduardo vai participar da campanha de Flávio por uma série de razões, inclusive pelo fato de ser irmão do candidato”, afirmou. O senador acrescentou que o partido busca ampliar o diálogo com outras legendas e tornar Flávio mais conhecido nacionalmente.

“Ele tem feito uma incursão em veículos de comunicação de massa para que as pessoas o conheçam, não apenas como o senador Flávio do Rio de Janeiro, filho do presidente Bolsonaro, mas o Flávio que é candidato a presidente da República”, declarou.

Apoios, articulações regionais e pautas no Congresso

O dirigente do PL avaliou que manifestações públicas de apoio, como a de Pablo Marçal, demonstram a capacidade de Flávio Bolsonaro de atrair diferentes atores políticos. Ele também comentou negociações regionais, como no Ceará e no Distrito Federal, afirmando que o partido decidiu pausar algumas articulações e aguardar o período prévio às convenções para definir alianças.

Sobre sua atuação na tramitação do Projeto de Lei da Dosimetria, Marinho ressaltou que seu papel foi institucional. “Foi uma negociação de procedimento de votação. Foi o único acordo que fizemos”, afirmou.

Ao tratar da possibilidade de veto presidencial ao projeto, o senador avaliou que o Congresso tem força para derrubá-lo, citando a ampla maioria obtida na votação. Por fim, ao comentar a indicação de Jorge Messias ao STF, negou qualquer acordo político: “Não houve nenhum acordo e nós repudiamos qualquer tentativa nesse sentido”.

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