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Relatório do BC liga Banco Master a operações suspeitas com empresa investigada por ligação com PCC

Relatório enviado ao TCU cita falhas em operações com fundos da Reag, alvo da Operação Carbono Oculto

Segurança do lado de fora do Banco Master, após a prisão do acionista controlador do banco, Daniel Vorcaro, em São Paulo - 18 de novembro de 2025 (Foto: REUTERS/ Amanda Perobelli)

247 - O Banco Central encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) um relatório técnico no qual descreve operações consideradas suspeitas envolvendo o Banco Master, instituição controlada por Daniel Vorcaro. O documento aponta indícios de fraude em negócios estruturados com fundos de investimento e levou o órgão regulador a acionar o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o Banco Central, foram identificadas irregularidades em operações realizadas entre julho de 2023 e julho de 2024 com fundos administrados pela Reag Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. As informações são da Folha de São Paulo.

Relatório do BC detalha operações suspeitas

De acordo com o documento, o Banco Master e a Reag estruturaram operações com falhas classificadas como graves, em desacordo com normas do Sistema Financeiro Nacional. As transações fazem parte de um conjunto de operações estruturadas que somam R$ 11,5 bilhões, sendo que dois dos fundos envolvidos são ligados à Reag.

O Banco Central apontou problemas como gerenciamento inadequado de capital e de riscos, além da realização de negócios sem garantias suficientes, sem liquidez e sem diversificação. Para o regulador, essas práticas agravaram a crise da instituição financeira.

Fundos administrados pela Reag no centro das apurações

Entre os fundos citados no relatório estão o Bravo 95 Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado e o D Mais Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, ambos administrados pela Reag. Segundo pessoas que acompanham as apurações, uma das suspeitas é que esses fundos teriam sido utilizados para pulverizar recursos em nome de terceiros, descritos como “laranjas”.

A Reag foi um dos alvos da operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que investiga a relação entre o setor de combustíveis, o PCC e empresas do sistema financeiro. Procurada pela reportagem, a empresa não se manifestou.

TCU analisa atuação do Banco Central

O processo em curso no TCU apura possíveis falhas e omissões do Banco Central no caso do Banco Master. A investigação corre sob sigilo, por decisão do ministro relator Jhonatan de Jesus. Técnicos e ministros do tribunal avaliam que a Corte tem competência legal para investigar a atuação do regulador, embora haja divergências internas sobre a possibilidade de anular a liquidação do banco, decretada em novembro do ano passado.

Como já divulgado, o andamento do processo no TCU pode se tornar um elemento relevante para a defesa de Daniel Vorcaro, ao tentar afastar uma eventual condenação criminal ou evitar a necessidade de um acordo de delação premiada.

Depoimentos e investigação sob sigilo no STF

No desdobramento criminal do caso, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, prestaram depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (30). Vorcaro e Costa foram posteriormente submetidos a uma acareação, após apresentarem versões conflitantes.

Os depoimentos ocorreram presencialmente na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e foram acompanhados por um representante do Ministério Público e por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli, relator das apurações relacionadas ao Banco Master. O processo tramita sob sigilo, e, desde o início de dezembro, diligências e medidas ligadas à investigação passaram a depender de autorização do magistrado.

A investigação sobre a tentativa de venda do Banco Master apontou ainda que, antes mesmo da formalização do negócio com o BRB, a instituição teria forjado e negociado cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado, sendo R$ 6,7 bilhões em contratos considerados falsos e R$ 5,5 bilhões em prêmios atribuídos às carteiras, acrescidos de bônus.

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