Relatório do BC liga Banco Master a operações suspeitas com empresa investigada por ligação com PCC
Relatório enviado ao TCU cita falhas em operações com fundos da Reag, alvo da Operação Carbono Oculto
247 - O Banco Central encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) um relatório técnico no qual descreve operações consideradas suspeitas envolvendo o Banco Master, instituição controlada por Daniel Vorcaro. O documento aponta indícios de fraude em negócios estruturados com fundos de investimento e levou o órgão regulador a acionar o Ministério Público Federal (MPF).
Segundo o Banco Central, foram identificadas irregularidades em operações realizadas entre julho de 2023 e julho de 2024 com fundos administrados pela Reag Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. As informações são da Folha de São Paulo.
Relatório do BC detalha operações suspeitas
De acordo com o documento, o Banco Master e a Reag estruturaram operações com falhas classificadas como graves, em desacordo com normas do Sistema Financeiro Nacional. As transações fazem parte de um conjunto de operações estruturadas que somam R$ 11,5 bilhões, sendo que dois dos fundos envolvidos são ligados à Reag.
O Banco Central apontou problemas como gerenciamento inadequado de capital e de riscos, além da realização de negócios sem garantias suficientes, sem liquidez e sem diversificação. Para o regulador, essas práticas agravaram a crise da instituição financeira.
Fundos administrados pela Reag no centro das apurações
Entre os fundos citados no relatório estão o Bravo 95 Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado e o D Mais Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, ambos administrados pela Reag. Segundo pessoas que acompanham as apurações, uma das suspeitas é que esses fundos teriam sido utilizados para pulverizar recursos em nome de terceiros, descritos como “laranjas”.
A Reag foi um dos alvos da operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que investiga a relação entre o setor de combustíveis, o PCC e empresas do sistema financeiro. Procurada pela reportagem, a empresa não se manifestou.
TCU analisa atuação do Banco Central
O processo em curso no TCU apura possíveis falhas e omissões do Banco Central no caso do Banco Master. A investigação corre sob sigilo, por decisão do ministro relator Jhonatan de Jesus. Técnicos e ministros do tribunal avaliam que a Corte tem competência legal para investigar a atuação do regulador, embora haja divergências internas sobre a possibilidade de anular a liquidação do banco, decretada em novembro do ano passado.
Como já divulgado, o andamento do processo no TCU pode se tornar um elemento relevante para a defesa de Daniel Vorcaro, ao tentar afastar uma eventual condenação criminal ou evitar a necessidade de um acordo de delação premiada.
Depoimentos e investigação sob sigilo no STF
No desdobramento criminal do caso, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, prestaram depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (30). Vorcaro e Costa foram posteriormente submetidos a uma acareação, após apresentarem versões conflitantes.
Os depoimentos ocorreram presencialmente na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e foram acompanhados por um representante do Ministério Público e por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli, relator das apurações relacionadas ao Banco Master. O processo tramita sob sigilo, e, desde o início de dezembro, diligências e medidas ligadas à investigação passaram a depender de autorização do magistrado.
A investigação sobre a tentativa de venda do Banco Master apontou ainda que, antes mesmo da formalização do negócio com o BRB, a instituição teria forjado e negociado cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado, sendo R$ 6,7 bilhões em contratos considerados falsos e R$ 5,5 bilhões em prêmios atribuídos às carteiras, acrescidos de bônus.



