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Banqueiros veem manobra de Toffoli para reverter liquidação do Master

Setor financeiro avalia que eventual anulação beneficiaria apenas Daniel Vorcaro

Banco Master (Foto: Divulgação)

247 - Cresce no sistema financeiro a avaliação de que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria buscando brechas jurídicas para anular a liquidação extrajudicial do Banco Master. Segundo a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, banqueiros e agentes do mercado avaliam que a movimentação judicial levanta dúvidas sobre a condução do caso e gera insegurança quanto à estabilidade do sistema financeiro. A preocupação está relacionada com decisões recentes do ministro, especialmente a determinação, de ofício, de uma acareação entre investigados e um diretor do Banco Central (BC).

Decisão do STF amplia desconfiança no mercado

A acareação é considerada inédita por integrantes do setor financeiro e vista como uma inversão da lógica investigativa. Na avaliação desses agentes, a medida constrange o Banco Central, que atua como regulador e supervisor do sistema financeiro nacional, responsável por identificar riscos e irregularidades em instituições bancárias.

Para o mercado, uma eventual anulação da liquidação não teria efeito prático na proteção de correntistas ou credores. O entendimento predominante é que a medida beneficiaria apenas o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, ao afastá-lo do risco de prisão no âmbito penal.

“Mesmo se houver reversão da liquidação do banco, Vorcaro não capta mais um real. E quem compraria um CDB do Master, por exemplo, sabendo tudo que já foi revelado?”, questionam atores do setor financeiro.

Risco para credores e para o Fundo Garantidor de Créditos

Técnicos do mercado alertam ainda que a reversão da liquidação pode atrasar o ressarcimento de credores. Isso porque o uso de recursos do Fundo Garantidor de Créditos tende a ocorrer com mais agilidade quando o Banco Central decreta o encerramento das atividades da instituição. Processos judiciais, por outro lado, costumam se arrastar por mais tempo.

Outro ponto sensível é a avaliação sobre a capacidade técnica do Judiciário para concluir se o Banco Master estava ou não insolvente. Para banqueiros, esse diagnóstico cabe ao corpo técnico do Banco Central, que identificou uma “grave crise de liquidez” e “violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional”.

Banco Central detectou crise grave de liquidez

A equipe técnica do BC encontrou R$ 12,2 bilhões em créditos considerados problemáticos, que teriam sido revendidos ao Banco de Brasília (BRB). No Banco Central, há preocupação com a possibilidade de o STF anular a liquidação, cenário visto como concreto e crescente por integrantes da autoridade monetária. A eventual reversão também é interpretada como uma desvalorização do trabalho técnico de fiscalização, essencial para a estabilidade do sistema financeiro.

Contradições em depoimentos reforçam investigação criminal

No campo criminal, os depoimentos prestados à Polícia Federal pelo dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e pelo ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, apresentaram informações contraditórias. As divergências indicam a necessidade de confronto direto de versões.

Vorcaro chegou a ser preso em 17 de novembro por decisão da 10ª Vara Federal de Brasília, mas foi solto no dia 29 do mesmo mês após a concessão de habeas corpus pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Dias depois, a investigação foi enviada ao STF após a apreensão de um documento que citava um deputado federal.

A apuração investiga suspeitas de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. A liquidação extrajudicial do Banco Master foi decretada pelo Banco Central menos de um dia depois de o Grupo Fictor manifestar interesse na compra da instituição, reforçando, na avaliação dos reguladores, a gravidade do quadro financeiro identificado.

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