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BC aponta gestão fraudulenta e defende liquidação do Master em resposta ao TCU

O órgão regulador afirma ter enviado nova denúncia ao Ministério Público Federal após detectar "gestão fraudulenta"

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva de imprensa, em Brasília - 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 – O Banco Central (BC) apresentou ao Tribunal de Contas da União (TCU) detalhes contundentes que levaram à decretação da liquidação do Banco Master, em novembro deste ano. Em documento sigiloso enviado na última segunda-feira (29), a autoridade monetária revelou a existência de uma nova comunicação de crime encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF), apontando indícios de "gestão fraudulenta" na instituição liderada por Daniel Vorcaro.

Segundo a reportagem do Estado de S. Paulo, que teve acesso ao documento, o BC descreve um mecanismo sofisticado onde recursos do banco eram "reciclados por meio de uma cadeia de fundos e sociedades interpostas". A manobra teria como objetivo dar uma aparência formal de legalidade a transações que, na prática, tinham a mesma origem e o mesmo beneficiário final, mas eram desprovidas de substância econômica real.

Crise de Liquidez e Insolvência

O BC refutou a tese de "precipitação" na medida — questionamento levantado anteriormente pelo ministro do TCU, Jhonatan de Jesus — e classificou a situação do Master como uma "profunda e crônica crise de liquidez".

De acordo com o órgão regulador, o banco apresentava um descumprimento grave e reiterado de normas. Entre os pontos mais críticos listados pelo BC ao tribunal, destacam-se:

  • Risco Bilionário: Necessidade de ajustes contábeis que poderiam reduzir o Patrimônio de Referência da instituição em cerca de R$ 20 bilhões até maio de 2025.
  • Operações Insubstentes: Cessão de carteiras de crédito ao Banco de Brasília (BRB) contendo operações cujos ativos não puderam ter a existência comprovada.
  • Falta de Lastro: Realização de operações estruturadas sem observância de princípios de garantia e liquidez, que não geravam fluxos financeiros relevantes.

Riscos ao Sistema Financeiro

A defesa da liquidação feita pelo BC, agora sob a gestão de Gabriel Galípolo, enfatiza que a medida foi "indispensável para a proteção do sistema financeiro e da poupança popular". O documento alerta que qualquer tentativa de reverter a liquidação do banco de Vorcaro — preso pela Polícia Federal ao tentar deixar o país — poderia acarretar danos graves e sistêmicos.

O órgão regulador pontuou que todas as alternativas de mercado foram esgotadas antes da intervenção. A análise técnica indicou que a instituição já não possuía capacidade de honrar suas obrigações, com o esgotamento de carteiras geradoras de fluxo de caixa e a permanência apenas de ativos de longo prazo sem liquidez no mercado.

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