Selic a 15% 'não guarda relação com a realidade', critica Gleisi
Ministra afirma que taxa de juros desafia indicadores econômicos e pressiona políticas públicas
247 - Na abertura da reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, realizada nesta quinta-feira (4), a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), fez críticas ao patamar atual da taxa Selic. Gleisi afirmou que a taxa básica de juros, hoje em 15%, “não guarda relação com a nossa realidade econômica”.
Ao resgatar a trajetória recente do Conselhão — reinstalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após ter sido extinto pelo governo Jair Bolsonaro (PL) — a ministra destacou que o colegiado cumpre papel essencial no diálogo entre governo e sociedade. Ela lembrou que a última reunião, em 5 de agosto, ocorreu enquanto o país enfrentava sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos. Segundo Gleisi, as medidas resultaram de “uma conspiração para coagir o curso da Justiça”, e a reação firme de Lula e das instituições brasileiras — Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal (STF) — ajudou a isolar “os traidores e seus aliados”.
Ela enfatizou que a estratégia do governo abriu caminho para negociações complexas conduzidas diretamente por Lula. “Ao longo desses meses o presidente Lula estabeleceu um diálogo direto e altivo com o presidente Trump, que já resultou na retirada de parte significativa das tarifas”, afirmou.
Gleisi também recordou que Lula estabeleceu limites claros para a negociação com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. “Lembro, presidente, que o senhor disse que, comercialmente, estávamos dispostos a negociar tudo. Mas não negociaria nossa soberania, o processo judicial brasileiro e nosso processo político”, declarou. Para ela, a firmeza do presidente brasileiro foi reconhecida internacionalmente: “Observadores de todo mundo destacam a vitória diplomática e pessoal do presidente brasileiro, que não se curvou às pressões".
A ministra ressaltou ainda que, paralelamente ao avanço diplomático, a Justiça brasileira seguiu seu curso com independência, condenando “no devido processo legal aqueles que atentaram contra o Estado Democrático”.
No âmbito social, Gleisi recordou que o mês de agosto também marcou o anúncio da saída do Brasil, pela segunda vez, do Mapa da Fome. Ela comemorou os avanços obtidos nos dois primeiros anos do governo, afirmando: “Em apenas dois anos conseguimos resgatar milhões de brasileiros e brasileiras que haviam sido lançados à miséria". O país alcançou em 2024 o menor nível de pobreza e desigualdade já registrado pelo IBGE.
Gleisi destacou que os esforços para reduzir desigualdades permanecem prioritários e citou políticas voltadas à produção de alimentos e ao fortalecimento da agricultura familiar. Ela ressaltou que o Congresso tornou o Pronaf uma política de Estado e que o Plano Safra da agricultura familiar deste ano é o maior da história. “R$ 78 bilhões do Pronaf a juros de 3% para produção de alimentos da cesta básica. É um enorme esforço do governo, levando em conta uma taxa básica de juros de 15%, que não guarda com relação com a nossa realidade econômica”, afirmou.
Para a ministra, mesmo sob juros elevados, a economia segue crescendo de forma sustentável, com reflexos positivos no cotidiano da população. Nesse contexto, ela afirmou que o Conselhão tem importância estratégica ao “contribuir com ideias e propostas”.
Ao concluir, Gleisi celebrou a aprovação da nova política de Imposto de Renda, que isenta quem ganha até R$ 5 mil e amplia a tributação sobre faixas mais altas de renda. “Estamos rompendo uma tradição de privilégios e injustiças que sempre prevaleceu no nosso país”, disse. Ela lembrou ainda a conquista do fim da escala 6x1 e reforçou a expectativa de avanços no Congresso em temas que ampliem “a vida além do trabalho”.



