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Cappelli afirma que caso Master atinge centrão, crime organizado e sistema financeiro

Presidente da ABDI alerta para vínculos entre crime organizado e sistema financeiro

Cappelli afirma que caso Master atinge centrão, crime organizado e sistema financeiro (Foto: Log Produções)

247 – Em entrevista ao Bom Dia 247, o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli avaliou como “gravíssima” a sequência de revelações envolvendo o Banco Master, o Banco de Brasília (BRB), o Banco Central e a Polícia Federal. No início da conversa, ele afirmou que as investigações indicam uma ligação crescente “entre crime organizado e Faria Lima no Brasil”.

Cappelli destacou que a operação que levou à liquidação do Banco Master e à prisão do empresário Daniel Vorcaro – apontado por ele como uma indicação política articulada pelo senador Ciro Nogueira – pode revelar um rombo bilionário nas operações entre o Master e o BRB, conduzidas sob o governo do Distrito Federal. “Toda a informação que eu tenho é que toda a diretoria do BRB foi afastada pela ação da Polícia Federal”, afirmou.

Operações suspeitas e risco de rombo de até R$ 8 bilhões

Segundo Cappelli, documentos e investigações preliminares apontam que o BRB teria comprado carteiras do Banco Master por valores muito superiores ao real. “O BRB teria adquirido ativos […] no valor aproximado de R$ 11 bilhões e que essas carteiras valeriam no máximo R$ 3 bilhões”, disse. Ele acrescentou: “Se isso for verdade […], nós estaremos diante de um golpe da casa de R$ 8 bilhões”.

O secretário responsabilizou diretamente o governador Ibaneis Rocha e a vice-governadora Celina Leão pela operação: “Tudo isso aconteceu chancelado pelo governador e pela vice-governadora, pela dupla Ibaneis–Celina Leão, que vão ter que responder por esse rombo bilionário no BRB”.

Investigações atingem também o governo do Rio de Janeiro

Cappelli afirmou que o esquema não se limita ao Distrito Federal. Segundo ele, o fundo de previdência do governo do Rio de Janeiro, sob gestão do governador Cláudio Castro, teria comprado R$ 1 bilhão em papéis “no mínimo duvidosos” do Banco Master. Ele questionou: “Esse 1 bilhão que Cláudio Castro comprou do Banco Master tem lastro? Quem ganhou com isso?”.

O secretário observou que novas revelações devem surgir: “A liquidação do Master é só o começo”.

Relações políticas: Ciro Nogueira, Celina Leão e a influência sobre o BRB

Cappelli ainda declarou que Daniel Vorcaro teria chegado ao BRB por influência direta do senador Ciro Nogueira: “A informação que eu tenho é que Daniel Vorcaro foi uma indicação construída pelo senador Ciro Nogueira pro BRB, que é do partido de Celina Leão”.

Ele reforçou que o PP de Celina Leão e Ciro Nogueira teria “envolvimento direto” com a presidência do BRB, exercida por Paulo Henrique, e que isso deverá gerar consequências políticas e judiciais.

Crime organizado, sistema financeiro e o alerta sobre o futuro do Estado brasileiro

Cappelli ampliou sua análise ao modo como o crime organizado opera hoje no país. “O crime organizado no Brasil não pode emparedar o Estado democrático de direito”, disse. Ele explicou que o fluxo de recursos ilícitos deixou de operar em “malas” e passou a circular por dentro do sistema financeiro nacional: “Os indícios de que muito dinheiro do crime tá circulando dentro do sistema financeiro nacional são enormes”.

Ele também alertou para as plataformas de apostas esportivas: “Temos que olhar essas bets também, esse sistema de apostas, porque há sérios indícios de que boa parte do dinheiro do crime tá circulando por dentro também desse sistema”.

Polícia Federal como alvo e a importância das investigações

No trecho final da entrevista, Cappelli ressaltou que a Polícia Federal tem sido alvo de tentativas de enfraquecimento legislativo justamente porque investiga operações desse porte. “A Polícia Federal tá no alvo por ação de bandidos, de criminosos que querem reduzir e prejudicar a ação da Polícia Federal”.

Ele encerrou alertando que a investigação está apenas começando: “Se for comprovado que o BRB pagou 11 bilhões por papéis que valem 3 bilhões, a gente estará diante de um dos maiores crimes financeiros da história do Brasil”.

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