HOME > Mídia

"Toffoli está brincando com fogo", diz Eliane Cantanhêde

Colunista aponta crise de credibilidade no STF após decisões de Dias Toffoli e Gilmar Mendes

Os ministros do STF Dias Toffoli e Gilmar Mendes (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

247 – O Supremo Tribunal Federal enfrenta uma nova onda de desgaste institucional, marcada por decisões monocráticas que ampliam a percepção de autoblindagem e levantam suspeitas sobre motivações políticas. As informações foram publicadas pelo jornal Estado de S. Paulo, que descreve um ambiente de inquietação dentro e fora da Corte.

Segundo a colunista Eliane Cantanhêde, o STF estaria arriscando sua própria credibilidade ao acumular deliberações individuais que têm impacto direto na relação com o Senado, no debate público e na confiança nas instituições. “O Supremo está brincando com fogo e com a sua própria credibilidade”, escreveu.

Decisões de Gilmar Mendes e Toffoli geram reação imediata

A análise destaca que Gilmar Mendes decidiu que apenas a Procuradoria-Geral da República pode solicitar impeachment de ministros do STF e, simultaneamente, elevou o quórum exigido no Senado para esse tipo de julgamento.

Na sequência, Dias Toffoli tomou para si o caso envolvendo o Banco Master, determinou sigilo total e levantou questionamentos sobre quem ou o que estaria sendo protegido. A situação ganhou contornos ainda mais graves após a revelação de que, dias antes de assumir o processo, Toffoli viajou para Lima em um jatinho particular acompanhado do advogado de um dos diretores do banco — já preso anteriormente.

Escândalo movimenta oposição e base política no Senado

O episódio, classificado como um “escândalo de bom tamanho”, abastece críticas de bolsonaristas, mas também de setores não alinhados ao ex-presidente, ampliando a pressão sobre a Corte no momento em que seguem os julgamentos dos envolvidos no golpe de Estado de 8 de janeiro.

Senadores de diferentes correntes políticas também reagiram. Para Cantanhêde, ao restringir as prerrogativas do Senado, Gilmar Mendes aumentou tensões institucionais. Já Toffoli, com a viagem e o sigilo absoluto no caso Master, teria fornecido “motivos de sobra” para que parlamentares discutam facilitar a cassação de ministros do Supremo.

Repercussão interna e impacto sobre outros ministros

A colunista observa que ministros e ex-ministros do próprio STF temem que os movimentos recentes tenham sido “casados”, agravando o mal-estar no tribunal. As suspeitas, escreve ela, não afetam apenas Gilmar e Toffoli: respingam sobre todos os gabinetes e chegam ao plenário, onde Alexandre de Moraes e Flávio Dino se destacam por decisões firmes — consideradas fundamentais na defesa da democracia e no enfrentamento ao uso criminoso de emendas parlamentares.

O peso político das decisões individuais

Cantanhêde relembra que Toffoli já protagonizou outros episódios que geraram questionamentos, como a decisão que favoreceu a J&F na revisão do acordo de leniência da Lava Jato. A medida foi interpretada por críticos como um gesto que recupera um antigo vínculo de gratidão com os irmãos Batista, o que alimentou tensões políticas à época.

Efeito dominó sobre a imagem do STF

A análise conclui que o problema não está apenas em eventuais excessos, mas na necessidade de que ministros sigam a máxima atribuída à moral pública: “À mulher de César, não basta ser honesta, precisa parecer honesta”. Para Cantanhêde, os erros de alguns dividem o plenário e fortalecem discursos que pedem o impeachment de ministros do STF — um cenário que ameaça a estabilidade institucional.

Artigos Relacionados