Xandão virou fetiche da esquerda, diz Gustavo Conde
Comentarista afirma que “a conta chegou” para o STF, critica defesa automática de ministros e aponta o caso Master como estopim de uma crise institucional
247 – A crise interna no Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou novos contornos e passou a ser interpretada como um sintoma de desgaste estrutural da Corte. Em uma transmissão especial, o comunicador Gustavo Conde afirmou que o país vive um momento em que “chegou a conta pro Supremo” e criticou duramente o que chamou de defesa automática de ministros por setores progressistas. Para ele, parte da esquerda estaria tratando o ministro Alexandre de Moraes como símbolo intocável — e isso abriria espaço para armadilhas políticas e desgaste institucional.
Na live intitulada “Supremo à deriva: crise no STF escala em todos os níveis; país quer respeito”, Conde disse que o debate público sobre a Corte precisa escapar da polarização simplificada — na qual a direita atacaria o Supremo e a esquerda deveria defendê-lo incondicionalmente. Segundo ele, a discussão central deveria ser: “Que STF nós queremos?”. Na avaliação do comentarista, o Brasil precisa de uma Corte com credibilidade, que respeite critérios éticos rigorosos e que não se deixe atravessar por interesses bilionários, relações promíscuas e vazamentos seletivos.
“Xandão virou fetiche da esquerda”, afirma comentarista
Em tom crítico, Conde afirmou que setores progressistas teriam transformado Moraes em uma espécie de “fetiche” político, adotando uma postura de torcida que impediria uma avaliação racional do momento vivido pelo STF. Para ele, a esquerda deveria concentrar energia em pautas estratégicas, como a defesa do presidente Lula, e não na blindagem de ministros que, segundo ele, já detêm poder suficiente para se sustentar institucionalmente.
Conde ironizou o que chamou de “xandetismo” e sugeriu que a mobilização em torno de Moraes revela um tipo de comportamento que considera politicamente improdutivo: uma defesa baseada em identidade e vaidade, e não na análise do funcionamento da Justiça e das instituições. Na sua visão, esse movimento acaba enfraquecendo o campo democrático ao permitir que adversários explorem contradições e construam narrativas de conivência com irregularidades.
“O problema é o Toffoli”, diz Conde ao mirar o centro da crise
Embora reconheça o papel do STF no julgamento de Jair Bolsonaro e no enfrentamento de ameaças golpistas, Conde deixou claro que seu foco, no momento, está na atuação do ministro Dias Toffoli. Para ele, Toffoli ocupa o centro do turbilhão porque suas decisões e iniciativas recentes estão acelerando a convulsão interna da Corte, sobretudo no contexto das investigações relacionadas ao Banco Master.
O comentarista destacou como episódio emblemático a careação marcada para 30 de dezembro, durante o recesso, envolvendo o banqueiro Daniel Vorcaro (Banco Master), o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa e um diretor do Banco Central. Segundo ele, o fato de a careação ter sido convocada diretamente pelo ministro, sem pedido prévio de investigadores, acendeu alertas em Brasília e provocou reação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Na leitura de Conde, trata-se de um movimento “fora do padrão”, que poderia empurrar o Banco Central para o centro do caso e intensificar ainda mais a crise institucional.
Código de ética, vazamentos e “tempestade num copo d’água”
Outro eixo central da crítica feita na live foi a ausência de um código de conduta mais rigoroso no STF. Conde argumentou que cortes supremas em diferentes países adotam regras claras para limitar conflitos de interesse, relações com agentes econômicos e participação em eventos pagos. Para ele, o problema não é a existência do Supremo, mas o fato de ele funcionar como “11 ilhas” corporativas, sem humildade para reconhecer falhas e sem disposição real para se submeter ao escrutínio público.
O comentarista também condenou o que classificou como cultura de vazamentos seletivos e proximidade excessiva entre ministros e jornalistas, lembrando que integrantes da imprensa frequentemente afirmam conversar com ministros “todos os dias” — algo que, para ele, evidencia uma estrutura disfuncional de bastidores que se tornou parte da normalidade institucional.
Conde citou ainda declarações atribuídas a ministros que avaliam que o STF estaria “apanhando de graça”, interpretando esse tipo de leitura como prova de prepotência e negação da crise, em vez de compromisso com reconstrução de credibilidade.
“Não quero destruir o STF. Quero um Supremo de respeito”
Apesar do tom duro, Conde afirmou que não defende o enfraquecimento do STF como instituição. Pelo contrário: disse desejar um Supremo com ministros respeitáveis e reconhecidos pela sociedade. No entanto, ressaltou que isso exige um processo profundo de revisão institucional e ética — e que a população tem o direito e o dever de cobrar.
Ele também alertou que a crise pode ser instrumentalizada pela direita para empurrar setores progressistas para posições defensivas, explorando vaidades e criando armadilhas discursivas. Em um ano pré-eleitoral, segundo ele, a construção de uma imagem de “esquerda conivente” com irregularidades poderia se tornar um instrumento de desgaste político.
A carta de Bolsonaro e a indicação de Flávio
Ao fim da transmissão, Conde também comentou a carta divulgada por Jair Bolsonaro, na qual o ex-presidente indica Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência em 2026. Para o comentarista, o texto revela fragilidade e pressão interna, sugerindo que Bolsonaro teria sido levado a formalizar a indicação para conter disputas no próprio campo político e preservar a continuidade do sobrenome como eixo de poder.
Conde avaliou que, ao transformar a carta em instrumento de validação do filho, Bolsonaro tenta reorganizar sua base em meio ao desgaste judicial e político. Ainda assim, ele considerou que um eventual cenário de disputa entre Lula e Flávio Bolsonaro seria “o melhor dos mundos” para o campo democrático, por explicitar a polarização e reduzir alternativas competitivas no bolsonarismo.
Um Supremo em convulsão e um país em cobrança
A avaliação geral do comentarista é de que o STF vive um momento de convulsão, em que pressões internas e externas se acumulam e podem produzir efeitos imprevisíveis. Para ele, o caso Banco Master acelerou uma crise que já estava “precificada” e que agora exige respostas concretas da Corte à sociedade.
Em sua mensagem final, Conde defendeu que a cobrança pública deve ser feita com serenidade e firmeza, sem submissão a autoridades e sem transformá-las em objetos de idolatria política. Segundo ele, o Brasil precisa de instituições fortes — mas também transparentes, éticas e respeitadas — e esse debate, afirmou, não pode ser adiado.



