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A Rússia traça seu próprio caminho para a paz em conversa com enviado de Trump

Reunião de cinco horas entre Putin e enviado dos EUA debateu propostas de paz para a Ucrânia e abriu espaço para novos contatos

Putin reúne-se com delegação dos EUA (Foto: TASS)

247 - A longa reunião realizada no Kremlin entre o presidente russo Vladimir Putin e o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, abriu novas possibilidades para discussões sobre um acordo de paz para a Ucrânia. O encontro, que também contou com a presença do empresário Jared Kushner, foi descrito como produtivo e detalhado pelo assessor presidencial russo Yury Ushakov.

A agência TASS divulgou as principais declarações dadas por Ushakov após a conversa, revelando que os Estados Unidos apresentaram múltiplas propostas ao governo russo, incluindo documentos associados ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A reunião se estendeu por cinco horas, tempo suficiente para que as delegações explorassem de forma minuciosa os possíveis caminhos para uma solução duradoura. Segundo Ushakov, "houve a oportunidade de discutir detalhadamente as perspectivas de trabalho conjunto futuro para alcançar uma solução pacífica e duradoura para a crise ucraniana". Ele classificou o diálogo como altamente proveitoso: "A conversa foi muito útil, construtiva e informativa".

Entre os temas centrais estiveram diferentes versões de propostas americanas. O assessor explicou que Moscou recebeu, além de um plano inicial, outros quatro documentos enviados por Washington. "Naturalmente, discutimos com nossos colegas americanos o conteúdo desses projetos, desses documentos que os americanos entregaram a Moscou há algum tempo", afirmou. 

Ele destacou, porém, que o debate não chegou ao nível de formulações concretas: "Não discutimos formulações específicas, propostas americanas específicas, mas sim a própria essência do que está contido nesses documentos americanos".

Ushakov também citou o chamado plano de 27 pontos apresentado por Donald Trump, além de outros textos subsequentes encaminhados por autoridades dos EUA. Ainda assim, evitou revelar detalhes: "Não posso divulgar os pontos principais desses documentos. Todos eles se referem a uma solução pacífica e de longo prazo para a crise na Ucrânia".A questão territorial, que é um dos entraves mais sensíveis das negociações, esteve diretamente na mesa. "Questões territoriais foram especificamente discutidas", confirmou o assessor, ressaltando que ainda não há um plano de compromisso entre as partes. Algumas das propostas americanas foram consideradas aceitáveis pela Rússia, enquanto outras continuam distantes das posições do Kremlin.

Putin, segundo Ushakov, aproveitou o encontro para expressar críticas contundentes à postura europeia no processo de negociação. O presidente russo também enviou, por meio de Witkoff, uma mensagem pessoal ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de "sinais políticos importantes" que, segundo o assessor, foram devidamente registrados pelos interlocutores americanos.

Outro ponto tratado foi o potencial de cooperação econômica futura entre Rússia e Estados Unidos. Segundo Ushakov, Putin, Witkoff e Jared Kushner discutiram "as enormes perspectivas de futura cooperação econômica entre os dois países". Kushner, disse ele, já participa das conversas bilaterais sobre a Ucrânia há algum tempo.

Apesar das divergências, Ushakov afirmou que a reunião não afastou as duas potências no debate sobre o conflito e que os contatos continuarão. 

Quanto à possibilidade de um encontro direto entre Putin e Donald Trump, o assessor classificou a hipótese como dependente do avanço das negociações. 

A delegação americana retornará aos Estados Unidos para discutir internamente os temas abordados. "Os colegas vão voltar para casa. Eles discutirão as questões que foram levantadas hoje. E então, acredito, entrarão em contato conosco por telefone, e continuaremos a discussão", disse Ushakov, sinalizando que o processo diplomático deve seguir em curso nas próximas semanas.

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