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Macron pressiona União Europeia a impor tarifas à China

‘É uma questão de vida ou morte para a indústria europeia’, diz o presidente francês

Xi Jinping e Emmanuel Macron (Foto: Xinhua)

247 - O presidente francês Emmanuel Macron voltou a pressionar a União Europeia a adotar uma postura mais dura diante do crescente superávit comercial da China com o bloco. Em entrevista ao jornal Les Echos, o líder afirmou que a Europa poderá recorrer a medidas rigorosas — incluindo tarifas — caso Pequim não demonstre disposição para reequilibrar as trocas bilaterais.

Macron considera insustentável o atual desequilíbrio comercial e que a falta de reação chinesa obrigaria os europeus a seguir um caminho de maior distanciamento econômico, semelhante ao adotado pelos Estados Unidos. Ele destacou que discutiu o tema diretamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Segundo o presidente francês, a situação representa “uma questão de vida ou morte para a indústria europeia”. Macron argumentou que a China praticamente deixou de importar produtos do bloco, o que ameaça cadeias produtivas e o emprego no continente. “Estou tentando explicar aos chineses que o superávit deles não é sustentável porque estão matando seus próprios clientes, sobretudo ao quase não importarem mais nada de nós”, afirmou ao Les Echos.

Ele reiterou que, caso Pequim não apresente sinais de mudança “nos próximos meses”, a Europa terá de considerar alternativas como tarifas sobre produtos chineses. O alerta ocorreu após sua visita de três dias ao país asiático, período em que buscou ampliar investimentos e ajustar a relação bilateral. No ano passado, o déficit comercial da França com a China chegou a cerca de 47 bilhões de euros, enquanto o superávit chinês em relação à UE atingiu um recorde de quase US$ 143 bilhões apenas na primeira metade de 2025.

O clima entre os dois países já vinha se deteriorando desde que Paris apoiou a decisão europeia de taxar veículos elétricos chineses. Pequim reagiu com exigências de preços mínimos para o cognac francês, gerando receio entre produtores de carne suína e laticínios de que também possam ser atingidos.

Macron criticou ainda a abordagem dos Estados Unidos, afirmando que a postura de Washington em relação à China acabou agravando a situação para a Europa, ao direcionar produtos chineses para o mercado europeu. “Hoje estamos espremidos entre os dois, e isso é uma questão de vida ou morte para a indústria europeia”, disse, observando que a Alemanha não compartilha integralmente dessa avaliação.

Além da pressão externa, o presidente francês cobrou que a União Europeia fortaleça sua competitividade interna. Para ele, o Banco Central Europeu deveria considerar crescimento e emprego em suas decisões, e não apenas a inflação. Macron alertou também que a continuidade da venda de títulos públicos detidos pela instituição pode elevar juros de longo prazo e prejudicar a atividade econômica. “A Europa deve — e quer — permanecer uma zona de estabilidade monetária e de investimento confiável”, afirmou.

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