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Haddad diz que pode deixar a Fazenda para atuar na campanha de Lula

Ministro diz que avalia deixar o governo para contribuir no programa e na estratégia da campanha de Lula em 2026, mas ressalta que não quer ser candidato

Fernando Haddad e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que considera deixar o comando da pasta para se dedicar à campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. A possibilidade foi discutida diretamente com o chefe do Executivo, segundo ele. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro detalhou uma conversa recente com Lula, na qual explicou sua intenção de não disputar cargos no próximo pleito, mas de atuar na formulação do programa de governo e na estratégia da campanha.

Intenção de colaborar na reeleição de Lula

"Eu tenho a intenção de colaborar com a campanha do presidente Lula e disse isso a ele, que eu não pretendo ser candidato em 2026, mas quero dar uma contribuição para pensar o programa de governo, para pensar como estruturar a campanha dele", afirmou Haddad.

Segundo o ministro, Lula demonstrou acolhimento à proposta. "A reação dele foi muito amigável. Ele falou: 'Haddad, você vai colaborar da maneira que você preferir. E qualquer decisão que você tome, eu vou respeitar. Mas vamos conversar'".

Possível saída do ministério e papel na campanha

Ao ser questionado sobre a definição de sua saída, Haddad afirmou que não há data estipulada, mas reconheceu que a possibilidade está sobre a mesa. "Pode ser que sim. É uma possibilidade", declarou. Ele enfatizou que não pretende coordenar a campanha. "Eu não quero coordenar nada. Eu quero me colocar à disposição da campanha. Posso ajudar no plano de governo."

O ministro também afastou novamente a hipótese de concorrer ao governo de São Paulo ou ao Senado, destacando que já informou o PT de sua decisão. "As pessoas estão informadas. Não estou fazendo segredo", afirmou.

Correios, Eletronuclear e desafios nas estatais

Haddad avaliou como preocupante a situação financeira dos Correios e afirmou que a estatal precisa de uma reinvenção para sobreviver em um ambiente altamente competitivo. Segundo ele, parcerias com instituições financeiras podem ajudar a ampliar o escopo de atuação.

"Em geral, um banco, uma Caixa Econômica, pode fazer uma parceria com os Correios para ter capilaridade em relação aos serviços que ela própria presta", disse. Além dos Correios, o ministro citou a Eletronuclear como outra estatal que exige soluções duradouras e afirmou que o governo pretende apresentar uma proposta consistente ao presidente.

Relação do governo com Congresso e Faria Lima

Haddad afirmou que, apesar da boa relação nos primeiros anos, a produtividade legislativa diminuiu a partir de maio devido à atuação da oposição. Para ele, o movimento buscou travar a agenda econômica diante dos resultados positivos do governo.

Sobre tensões com setores do mercado financeiro, o ministro avaliou que a proximidade das eleições intensificou divergências históricas sobre política fiscal, mas lembrou que o diálogo era mais fluido anteriormente.

Emendas, orçamento e limites institucionais

O ministro também comentou os atrasos no pagamento de emendas, mencionando que parte das dificuldades decorre da aprovação tardia do Orçamento e de novas exigências de controle definidas pelo STF. Ele destacou que a participação crescente do Congresso no orçamento cria limites adicionais para a execução das políticas do Executivo.

Arcabouço fiscal, gastos excepcionais e Defesa

Haddad defendeu que gastos extraordinários, como os destinados ao Rio Grande do Sul, não repetirão o impacto das exceções fiscais recentes. Quanto ao aumento de recursos para a Defesa, o ministro relatou que propôs vincular a medida à reforma da previdência dos militares, mas não houve acordo no Congresso.

Selic, Banco Central e crise herdada

O ministro voltou a criticar o nível da taxa de juros, classificando-o como excessivamente restritivo. Ele afirmou que as próximas indicações ao Banco Central serão técnicas e elogiou a gestão de Gabriel Galípolo ao lidar com crises herdadas. Segundo Haddad, "o Banco Central está colocando ordem em coisas que foram herdadas da gestão Roberto Campos Neto."

Combustíveis, crime organizado e investigação após ligação Lula–Trump

Sobre o encontro com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos após a ligação entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Haddad disse que entregou um documento relacionado a investigações de irregularidades no setor de combustíveis. Ele criticou manobras fiscais identificadas e ressaltou: "não vamos aceitar mais esse tipo de manobra".

Tributação das bets e responsabilização de plataformas

Haddad também defendeu tributação elevada sobre apostas esportivas por meio das bets, comparando o setor a produtos com impacto social negativo. Ele alertou que fintechs e big techs que facilitarem operações de bets irregulares enfrentarão penalidades severas.

Receita Federal e combate ao crime organizado

Por fim, o ministro explicou por que tem atuado em pautas de segurança pública. "No mundo inteiro, a Receita Federal é um órgão de suporte aos órgãos de segurança pública", disse, reforçando o papel da instituição no enfrentamento ao crime organizado.

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