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Alcolumbre estaria enfurecido com Lula após a indicação de Messias

Presidente do Senado reage com irritação à escolha de Jorge Messias, enquanto cresce o escrutínio sobre as ligações de Alcolumbre com o Banco Master

Hugo Motta, Davi Alcolumbre e Lula (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

247 – A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) feita pelo presidente Lula — prerrogativa constitucional exclusiva do chefe do Executivo — desencadeou uma crise política que tem como epicentro o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo revelou a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, parlamentares relatam que jamais viram o senador tão irritado com o presidente, num episódio marcado por telefonemas, ameaças de rompimento e articulações para tentar barrar o nome escolhido pelo governo.

De acordo com a reportagem, Alcolumbre ficou furioso ao ver seu preferido, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), preterido. Um dos parlamentares ouvidos pela colunista afirmou: “Ele está virado no Satanás, nunca vi ele tão bravo”. Outro contou que a “veia dele até saltava do pescoço”, tamanha a fúria com a decisão presidencial.

Prerrogativa de Lula e articulação agressiva no Senado

A indicação ao STF é um ato exclusivo do presidente da República — e o Senado não tem poder para influenciar o nome antes que ele chegue ao plenário. Ainda assim, Alcolumbre iniciou uma operação intensa para tentar derrotar o governo numa votação que, se bem-sucedida, seria histórica: a primeira rejeição de um indicado ao Supremo em 131 anos.

Segundo os relatos publicados por Bergamo, o presidente do Senado telefonou para diversos opositores de Lula afirmando estar disposto a “romper totalmente com o governo” caso o Planalto pressione pela aprovação de Messias. A senadores bolsonaristas, avisou que só perderá “se vocês me traírem”, numa tentativa de manter a oposição coesa na votação secreta.

Enquanto isso, conexões com o Banco Master voltam ao centro do debate

A escalada de tensão ocorre no momento em que Davi Alcolumbre enfrenta crescente escrutínio sobre suas próprias ligações políticas e familiares com o Banco Master, instituição envolvida em fraudes financeiras de alto risco.

Reportagem do Brasil 247, baseada em documentos oficiais, apontou que um indicado de Alcolumbre no Instituto de Previdência do Amapá ignorou alertas técnicos e aplicou R$ 400 milhões de recursos de aposentados no Banco Master, então sob questionamentos e em operações suspeitas. A operação expôs servidores aposentados do estado a risco elevado — e ampliou o debate sobre a influência política do senador em fundos de pensão regionais.

O tema ganhou ainda mais relevância após o Banco Central determinar intervenção no Master, diante de suspeitas que vão de mau uso de precatórios a fraudes financeiras. As conexões do senador, portanto, tornaram-se alvo de questionamentos públicos justamente no momento em que ele tenta se colocar como protagonista de uma derrota ao governo no Senado.

Governo monitora tensão crescente e alerta para confronto institucional

Interlocutores de Lula e de Messias disseram à coluna de Bergamo que Alcolumbre poderia ser parte da solução no Senado, mas escolheu o “confronto bruto”. O Planalto avalia que o senador está usando sua posição para criar um impasse que pode levar a uma crise institucional entre os poderes.

Pelos cálculos de parlamentares próximos ao presidente do Senado, ele contaria hoje com cerca de oito a dez votos fiéis, além de potencial apoio de 32 senadores da oposição — número que pode chegar ao mínimo necessário para rejeitar a indicação de Messias.

A votação é secreta, e o Planalto acompanha cada movimento com cautela. Ao mesmo tempo, cresce a pressão para que Davi Alcolumbre responda às questões envolvendo o Banco Master e explique as decisões de seus aliados que colocaram aposentados do Amapá em risco.

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