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Alcolumbre ignora gesto de Messias ao Senado junto ao STF

Jorge Messias saiu em defesa do Senado junto ao Supremo, que limitou pedidos de impeachment contra integrantes da Corte

Jorge Messias (Foto: Victor Piemonte/STF)

247 - O movimento do advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar reduzir tensões no Senado não surtiu efeito imediato. O pedido de Messias ao ministro Gilmar Mendes, do STF, para revisar a liminar que restringiu pedidos de impeachment contra integrantes da Corte, não sensibilizou a cúpula do Legislativo, segundo o jornal O Globo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou não ter sequer analisado o documento enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU).

Questionado na quinta-feira (4), Alcolumbre resumiu sua posição: “Não vi o documento”, limitando-se a dispensar o gesto de Messias. A ausência de respaldo político complica ainda mais a situação do advogado-geral, que busca consolidar os 41 votos necessários para ser aprovado como ministro do STF. O favorito de Alcolumbre para a vaga era o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o que alimenta resistências internas à indicação feita pelo presidente Lula.

Além da frieza no Senado, Messias também enfrentou críticas no próprio Supremo. Gilmar Mendes rejeitou o pedido de reconsideração e fez questão de registrar a demora da AGU em se manifestar no processo. Em seu despacho, o ministro observou: “Após o transcurso de quase 2 (dois) meses do prazo assinalado, o advogado-geral da União manifestou-se nos autos”. Ele também destacou que não houve um pedido formal de reconsideração, classificando a iniciativa como um “expediente informal”, sem amparo legal.

O desgaste se ampliou com a intervenção do ministro Flávio Dino, que considerou inadequado o acordo firmado entre a AGU e a Axia, empresa que sucedeu a Eletrobras após a privatização. Dino criticou duramente a inclusão de um item relacionado à Eletronuclear no acerto, além da falta de consulta aos trabalhadores da empresa. “A mim é muito constrangedor, como brasileiro, que a Advocacia-Geral da União tenha feito este acordo. Constrangedor. Por dois sentidos, primeiro por esse jabuti do tamanho de um elefante. E o outro aspecto é que, desta tribuna, os advogados repetidamente disseram que os trabalhadores não foram ouvidos. E isto não é uma opção política, é uma determinação constitucional”, afirmou durante sessão no plenário.

Os ministros analisam o acordo que ampliou a presença do governo no conselho da Axia, após contestação apresentada pelo Executivo no STF. A conciliação abriu caminho para ajustes, entre eles a retirada da obrigatoriedade de investimentos em Angra 3 caso o governo decida continuar o projeto. Dino, porém, esclareceu em nota que não comentaria a indicação de Messias para o Supremo por considerar o tema “politicamente controvertido” e ainda pendente de avaliação pelo Senado.

A crise política em torno da indicação se agravou com o cancelamento da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que estava prevista para a próxima semana. O governo não enviou ao Senado a mensagem presidencial formalizando o nome de Messias, o que levou Alcolumbre a suspender a sessão. O presidente do Senado afirmou ter sido “surpreendido” pela ausência da documentação, classificando o episódio como uma interferência indevida no cronograma da Casa.

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a sabatina ficará para o próximo ano, pois já não há tempo hábil para realizá-la em 2025. Paralelamente, o relator da indicação na CCJ, Weverton Rocha (PDT-MA), reconheceu que Messias ainda não dispõe dos votos necessários para aprovação. Ele relatou que Lula pretende conversar pessoalmente com Alcolumbre nos próximos dias para tentar recompor a base de apoio.

Internamente, há receio de que a postergação da sabatina para um período mais próximo das eleições de 2026 contamine o processo e reduza ainda mais as chances de Messias conquistar a vaga no Supremo.

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