HOME > Brasília

Gleisi e Haddad tentam distensionar relação com Motta e Alcolumbre

Planalto deseja restabelecer o diálogo com o Congresso, mas não descarta reagir em caso de escalada do conflito

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (Foto: Diogo Zacarias/MF)

247 - O clima tenso entre o Palácio do Planalto e o comando do Congresso voltou a aparecer publicamente na solenidade desta quarta-feira (26), realizada no Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia cogitado conversar reservadamente com os presidentes das duas Casas, Davi Alcolumbre, do Senado, e Hugo Motta, da Câmara dos Deputados, caso ambos comparecessem ao evento. Eles, no entanto, optaram por não participar.

Segundo Valdo Cruz, do g1, tanto Alcolumbre quanto Motta avisaram previamente que não estariam presentes. As assessorias atribuíram as ausências a demandas de agenda: a equipe de Motta alegou compromissos inadiáveis; já a de Alcolumbre informou que ele estaria em reunião com senadores. Nos bastidores, porém, a interpretação predominante é de que “não há clima” para dividir o palco com o governo neste momento.

A ausência dos dois presidentes levou Lula a tomar uma decisão calculada: não mencioná-los em seu discurso. Segundo auxiliares, o gesto foi deliberado, refletindo a irritação do Planalto com a escolha de ambos de se manterem afastados justamente na cerimônia que celebrava uma das principais promessas de campanha do presidente: a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

Enquanto Lula optou pelo silêncio, integrantes de sua equipe seguiram estratégia diferente. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fizeram questão de citar Alcolumbre e Motta de maneira elogiosa. Haddad destacou a relevância institucional dos dois ao afirmar: “o Brasil precisa deles”.

A movimentação do governo para abrandar o mal-estar inclui encontros diretos. Na própria quarta-feira (26), Gleisi Hoffmann manteve reunião com o presidente da Câmara na tentativa de reduzir tensões e restabelecer canais de diálogo. No caso de Alcolumbre, auxiliares do presidente avaliam que apenas Lula poderá conduzir uma reaproximação efetiva com o chefe do Senado.

Apesar do ambiente político instável, o Planalto deseja pacificar a relação. De acordo com integrantes da equipe presidencial, a orientação é insistir na via da cooperação. Ainda assim, o governo avalia que, se houver escalada do conflito, dispõe de instrumentos para travar uma disputa que pode se prolongar até a eleição. A percepção interna é de que a atual postura de Lula difere significativamente daquela dos seus dois primeiros mandatos, especialmente no modo de administrar tensões políticas.

Artigos Relacionados