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Tarcísio critica prisão de Bolsonaro, diz que irá atuar pela anistia e que não está pensando em 2026

Após decisão do STF que determinou o cumprimento da pena do ex-mandatário, governador diz que anistia é questão humanitária

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas 09/08/2024 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

247 - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reagiu à prisão definitiva de Jair Bolsonaro (PL) e afirmou ter recebido a notícia com “muita tristeza” e que irá atuar pela anistia aos condenados no âmbito da trama golpista. O governador também disse não estar pensando no pleito presidencial de 3206 e que mantém o foco em disputar a reeleição. Segundo o jornal Valor Econômico, Tarcísio afirmou que o ex-mandatário se mantém como "a grande liderança da direita"  e que "quem vai decidir a candidatura da direita é o Bolsonaro".

Defesa da anistia 

 A decisão que confirmou a prisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o início do cumprimento da pena na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde Bolsonaro está desde sábado (22). Tarcísio afirmou que seguirá empenhado em articular anistia e defesa por uma eventual prisão domiciliar. 

“O que eu puder fazer para que a anistia seja pautada e aprovada, eu vou fazer”, declarou. Ele alegou razões humanitárias ao defender que o ex-mandatário possa cumprir pena em casa, citando sequelas do episódio de campanha de Juiz de Fora (MG), crises de soluço e necessidade de cuidados constantes. “É uma questão de respeito a uma pessoa que tem 70 anos, que está muito doente.”

Relação pessoal 

O governador lamentou a impossibilidade de visitá-lo após o cancelamento determinado pelo ministro Moraes, mas disse que seguirá tentando. “O Bolsonaro é um grande amigo que eu tenho. E, nas horas de dificuldade, é que os amigos têm que estar juntos. Vou estar próximo dele, vou visitar tantas vezes quantas forem necessárias para prestar minha solidariedade e meu apoio”, afirmou.

“Confio muito na inocência do presidente, trabalhei com ele. Sei da boa intenção, do bom propósito, [é] uma pessoa que sempre procurou fazer o melhor. Acho que tudo isso que está acontecendo é injusto e confio que o tempo vai esclarecer da verdade, que um dia isso vai ser esclarecido e que a gente vai ver o presidente solto novamente”, ressaltou.

Governador nega tentativa de fuga do ex-mandatário

O governador também criticou o uso de tornozeleira eletrônica decretado durante a fase de prisão domiciliar. Segundo ele, Bolsonaro enfrentava “soluços intermináveis”, dificuldades para dormir e problemas decorrentes de “interação medicamentosa”, quadro que poderia gerar “oscilações de consciência”. “Como é que ele vai fugir de casa? Não vai fugir. Ele tem 70 anos, está doente, está fragilizado, tem vigilância na porta da casa dele. É lógico que não tem nada de fuga. Ele não precisava estar com a tornozeleira”, argumentou.

Tarcísio volta a descartar candidatura ao Planalto

 Ao comentar rumores sobre a possibilidade de concorrer à Presidência em 2026, Tarcísio voltou a negar qualquer articulação nesse sentido. Ele reiterou sua intenção de buscar a reeleição em São Paulo. “Eu tenho dito sempre que eu sou candidato à reeleição e tenho interesse de ficar em São Paulo. Sou perguntado com frequência e respondo a mesma coisa. E parece que as pessoas não acreditam, mas eu estou muito focado aqui no meu trabalho em São Paulo, no meu projeto de São Paulo, nos projetos de longo prazo”, afirmou.

O governador disse ainda que a eleição “está muito longe” e ressaltou que Bolsonaro continua sendo, em sua visão, “a grande liderança da direita”. Para ele, cabe ao ex-presidente definir o nome do segmento em 2026. Questionado sobre eventual indicação, Tarcísio respondeu: “Não, eu não estou nesse bolo, eu estou focado em São Paulo”.

Bastidores políticos e movimentações na direita

A reação à prisão repercutiu instantes antes de uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, que entregou 200 veículos a fundos sociais de municípios do interior. Nos bastidores, aliados especulavam sobre uma possível candidatura presidencial de Tarcísio, embora avaliem que qualquer anúncio só ocorreria a partir de fevereiro.

 Um dos apoiadores, ao ser questionado pela reportagem, fez gesto indicando que o governador poderia “subir” para a disputa nacional. Outros ressaltaram que Tarcísio seria, segundo suas avaliações, o nome mais competitivo para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alguns chegaram a mencionar que uma chapa com Michelle Bolsonaro (PL) na vice poderia fortalecer a candidatura, enquanto outras alas acreditam que isso ampliaria a rejeição.

Há também quem avalie que uma vitória de Tarcísio em 2026 se tornou uma das poucas alternativas da família Bolsonaro para tentar mitigar a situação do ex-presidente, já que o governador acena com a possibilidade de conceder indulto caso chegasse ao Planalto. Ele também ampliou, nos últimos dias, a pressão por uma solução domiciliar no Judiciário.

Sucessão em São Paulo

Ainda de acordo com a reportagem, uma eventual saída de Tarcísio da corrida pela reeleição abriria uma disputa intensa pela sucessão no governo paulista. O presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), é um dos nomes cogitados e fez discurso elogioso durante a cerimônia.

 O vice-governador Felicio Ramuth (PSD), que assumiria o cargo caso o governador renuncie até abril, é visto por parte da direita como sucessor natural, embora ainda dependa de articulações internas. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), descartou concorrer. “Eu não vou ser candidato. Vou concluir meu mandato até 2028. Vou me empenhar na campanha do Tarcísio, seja para governador, que é o que ele tem colocado, seja para presidente”, informou.

Zema refuta especulações e mantém pré-campanha

Cotado por alguns como possível vice de Tarcísio, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), negou qualquer negociação. “Lancei a minha pré-candidatura à Presidência e vou levá-la até o final”, afirmou à rádio Jovem Pan. “Eu irei até o final como candidato”, disse, acrescentando que pesquisas futuras devem orientar a escolha de seu vice. Zema argumentou que a multiplicidade de nomes à direita fortalece o bloco.

“Quanto mais candidatos a direita tiver, mais ela se fortalece. E, indo para o segundo turno, todos estarão juntos. Temos uma safra de excelentes governadores no Brasil, o que comprova a competência da direita”, afirmou. No dia anterior, ele já havia dito que a direita poderia ter “dois, três ou até mesmo quatro” candidatos, mas que a união no segundo turno seria inevitável.

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