Maduro alerta ONU sobre provável agressão dos Estados Unidos
Presidente venezuelano denuncia escalada de ameaças, acusa violações ao direito internacional e reafirma compromisso com a diplomacia de paz
247 – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sobre uma “escalada de ameaças” por parte do governo dos Estados Unidos, que, segundo Caracas, coloca em risco a estabilidade da América Latina e do Caribe. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 17 de dezembro, pela teleSUR, com base em comunicado oficial do governo venezuelano.
De acordo com a emissora, Maduro manteve uma conversa telefônica com Guterres na qual denunciou recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atual presidente norte-americano, e do assessor Stephen Miller, interpretadas pelo governo venezuelano como manifestações de caráter colonial e hostis à soberania nacional.
Segundo o comunicado divulgado pelo chanceler Yván Gil, o chefe de Estado venezuelano afirmou que autoridades norte-americanas declararam publicamente que os recursos naturais e o território da Venezuela “lhes pertencem”, chegando a exigir que sejam “devolvidos”. Para Maduro, esse tipo de posicionamento representa uma ameaça direta ao direito internacional e à autodeterminação dos povos.
“Estas expressões de caráter colonial devem ser rejeitadas categoricamente pelo sistema de Nações Unidas por constituir uma ameaça direta à soberania”, afirmou o presidente venezuelano durante o contato telefônico com o secretário-geral da ONU.
O governo da Venezuela também expôs à Organização das Nações Unidas uma série de ações concretas que, segundo Caracas, violam normas internacionais. Entre elas estão o recrudescimento do cerco diplomático e financeiro, atos classificados como “pirataria moderna”, como o assalto a um navio carregado com petróleo venezuelano, além da intensificação de narrativas que buscariam justificar uma eventual intervenção militar.
Na avaliação apresentada por Caracas, essas iniciativas fazem parte de uma estratégia mais ampla de pressão e de mudança de governo, agravando o clima de tensão na região do Caribe.
Durante a conversa, António Guterres adotou uma postura de mediação e reafirmou seu compromisso com os princípios da Carta das Nações Unidas. O secretário-geral destacou que um conflito armado na América Latina seria “estéril” e teria consequências devastadoras para a estabilidade regional.
Guterres expressou solidariedade ao povo venezuelano e comprometeu-se a acompanhar de perto a situação, com o objetivo de evitar uma escalada bélica. Segundo o comunicado, ele também sinalizou que levará o tema ao Conselho de Segurança da ONU e reforçou o diálogo como a única via legítima para a solução pacífica de controvérsias.
A conversa foi encerrada com a reafirmação, por parte do governo venezuelano, de sua disposição de manter uma “diplomacia de paz” diante do que classificou como a “diplomacia da barbárie” praticada pelos Estados Unidos.
O alerta de Maduro ocorre um dia após o presidente Donald Trump anunciar, em 16 de dezembro, o bloqueio total a “navios petroleiros sancionados” com destino à Venezuela, intensificando a pressão contra o governo de Caracas. A decisão foi tomada após a apreensão, por forças norte-americanas, de um navio petroleiro próximo à costa venezuelana na semana anterior, uma ação considerada incomum e que se soma ao aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe.



