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Flávio Bolsonaro busca apoio de Marçal e do mercado financeiro

Senador aposta em diálogo com investidores e alianças políticas para reduzir rejeição e fortalecer pré-campanha presidencial

Flávio Bolsonaro (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

247 - No início de sua pré-campanha à Presidência da República, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem concentrado esforços para ampliar seu arco de apoios políticos e econômicos. O movimento inclui aproximações com ex-ministros do governo Jair Bolsonaro, dirigentes do PL, parlamentares de direita com influência no mercado financeiro e o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB). A estratégia ocorre em meio a críticas iniciais e desconfiança de partidos do centrão, que veem o nome do senador com reservas. As informações são da Folha de São Paulo.

Aliados avaliam que um dos erros do ex-presidente Jair Bolsonaro foi cercar-se de auxiliares considerados inexperientes ou pouco habilidosos politicamente, algo que o senador busca evitar ao enfatizar a montagem de um time com maior credibilidade técnica e política.

Interlocutores do parlamentar afirmam que ele pretende intensificar viagens pelo país a partir de fevereiro, com foco especial em São Paulo e Minas Gerais. O objetivo é tentar recuperar parte do eleitorado que, nas eleições de 2022, migrou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesses dois estados estratégicos. Neste início de trajetória, porém, a prioridade tem sido conquistar o respaldo do mercado financeiro, que atualmente demonstra preferência pelo governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Nesse ambiente, o principal articulador de Flávio tem sido Filipe Sabará, ex-secretário municipal da gestão João Doria. Sabará afirma ter organizado dois encontros do senador com banqueiros e investidores em São Paulo, um deles com representantes do banco suíço UBS e outro com empresários reunidos na residência de Gabriel Rocha Kanner, sobrinho de Flávio Rocha, controlador da rede Riachuelo.

“Eu tenho proximidade com o mercado. Foi meio natural, o pessoal começou a me perguntar sobre o Flávio, e eu resolvi fazer essa ponte. Me coloquei à disposição do senador”, disse Sabará.

Também foi ele quem articulou a aproximação entre Flávio Bolsonaro e Pablo Marçal, cuja campanha à Prefeitura de São Paulo, em 2024, foi coordenada por Sabará. Após a conversa, o influenciador colocou à disposição do senador sua estrutura de comunicação digital.

Mesmo reconhecendo que a Faria Lima representa uma parcela pequena do eleitorado, aliados de Flávio avaliam que a resistência do mercado financeiro pode irradiar desconfiança para outros segmentos da sociedade. Por isso, o senador tem recorrido a conselhos de integrantes da equipe econômica do governo Bolsonaro. Ele mantém diálogos com o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, com o ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida e com o ex-presidente do BNDES Gustavo Montezano.

Em reuniões com empresários, Flávio se apresenta como um “Bolsonaro moderado” e diz seguir a “cartilha de Paulo Guedes”, defendendo redução de impostos, controle da taxa de juros e enxugamento da máquina pública. Na avaliação de Sabará, parte do mercado já considera que o principal nome da direita para enfrentar Lula pode ser o senador, e não o governador paulista.

“A rejeição imputada a ele não é dele, é do pai dele. O mercado não tem receio com ele, porque ele tem a pauta do Paulo Guedes. A única pergunta que me fazem é se ele vai até o fim”, afirmou.

Segundo relatos de participantes do encontro na casa de Kanner, Flávio afirmou ser o Bolsonaro que setores políticos e econômicos sempre desejaram: com trânsito no Senado, aberto a composições e disposto a dialogar inclusive com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. No mesmo ambiente, ele teria enfrentado questionamentos diretos sobre a elevada rejeição associada à família Bolsonaro.

No campo político, o deputado estadual Lucas Bove (PL) declarou apoio ao senador em São Paulo e colocou sua rede de contatos, que inclui associações comerciais, bancos e representantes do agronegócio, à disposição da pré-campanha.

“Nós vamos estar juntos, estamos trabalhando por ele aqui. Assim que a candidatura dele foi confirmada, já unificou toda a base bolsonarista. Estamos muito confiantes”, disse Bove.

Sem entusiasmo semelhante em partidos como PP, União Brasil e Republicanos, Flávio tem se apoiado principalmente no presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e no secretário-geral da sigla e líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (RN). Marinho, que pretende disputar o governo do Rio Grande do Norte, tem atuado ativamente na articulação de apoios ao senador.

“Ele vai estar comigo o tempo inteiro do meu lado, porque é uma pessoa competente, de confiança, inteligente e que adora desafios. Eu preciso de pessoas que não gostam de ficar na zona de conforto. É um amigo e também acredita nesse projeto”, afirmou Flávio à Folha.

A pré-campanha ainda não conta com um marqueteiro definido. O publicitário Duda Lima, ligado ao PL, já anunciou que não pretende atuar em campanhas eleitorais em 2026, mas comentou o cenário.

“Minha decisão de não comandar mais campanhas eleitorais é pública, mas convivi com muitos profissionais competentes de marketing eleitoral e sei que Flávio fará boas escolhas na estruturação de um ótimo time de marketing”, declarou.

Em 2024, quando esteve à frente da campanha de reeleição de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo, Duda Lima protagonizou embates com filhos de Jair Bolsonaro e aliados do ex-presidente, que tentavam influenciar decisões internas enquanto mantinham diálogo com Pablo Marçal.

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