CVM inclui governo do Distrito Federal e assessora de Ibaneis Rocha como réus por operações suspeitas do BRB
Processo ocorre após a prisão do dono do Banco Master e investiga engenharia financeira em transações de R$ 16,7 bilhões com o BRB
247 – O governo do Distrito Federal e Juliana Monici Souza Pinheiro, chefe de gabinete do governador Ibaneis Rocha (MDB), foram citados e se tornaram réus em um processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) relacionado ao BRB (Banco de Brasília). As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, que apurou que a investigação envolve suspeitas de irregularidades em operações financeiras bilionárias feitas entre o BRB e o Banco Master.
A CVM confirmou ao jornal que não comenta casos específicos, embora o processo esteja registrado em seu sistema. Os detalhes permanecem sob sigilo.
Procedimento ocorre em meio à prisão de Daniel Vorcaro
A abertura do processo coincide com a prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, detido na segunda-feira, episódio que resultou no afastamento do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa. A Polícia Federal afirma que as duas instituições realizaram operações de crédito que somaram R$ 16,7 bilhões entre julho de 2024 e outubro de 2025.
Segundo a PF, essa movimentação pode indicar “a existência de possível engenharia contábil e financeira para viabilizar a captação de recursos pelo Master junto ao BRB”. A suspeita é de que o BRB teria aumentado irregularmente sua exposição ao Master, o que é proibido pelas normas do Banco Central.
Os limites de exposição existem para evitar concentração excessiva de risco e proteger as instituições de perdas significativas em caso de insolvência do tomador.
Uso da consultoria Tirreno levantou novas suspeitas
Para contornar as regras, o Master teria atribuído a titularidade das operações à consultoria Tirreno, criada em novembro de 2024, pouco antes das negociações. No mês seguinte, a empresa passou a ter como diretor André Felipe de Oliveira Seixas Maia, ex-funcionário do Master, que também foi preso nesta semana.
A consultoria não se manifestou sobre a prisão de seu diretor. Um relatório técnico do Banco Central, citado pela Folha, aponta que a Tirreno existia essencialmente para dar suporte às operações do Master com o BRB.
“O único relacionamento da Tirreno no âmbito do Sistema Financeiro Nacional é com o Master. Não há registro de crédito tomado pela empresa no Sistema de Informações de Créditos”, afirma o documento.



