BNDES avança em diversidade, inclusão e equidade
BNDES registra salto em inclusão de mulheres, negros e PCDs; banco reforça diversidade como eixo de desenvolvimento
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou novos resultados de sua política de diversidade, equidade e inclusão, evidenciando um crescimento significativo da presença de mulheres, pessoas negras e pessoas com deficiência em seus quadros e cargos de liderança. Os dados foram divulgados durante o seminário “Democracia e Direitos Humanos: Empresas Juntas por um Brasil Mais Igualitário”, realizado nesta segunda-feira (15), com a participação de autoridades públicas, representantes de estatais, do setor privado e da sociedade civil.
As informações foram publicadas originalmente pela Agência de Notícias do BNDES, que acompanhou o evento organizado pela instituição em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o Instituto Ethos, a Comissão Arns e a Fundação Getulio Vargas, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Avanços nos indicadores de diversidade
Durante a abertura do seminário, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, detalhou os números que demonstram a mudança no perfil do banco. Em 2025, a participação de funcionários negros passou de 14% para 25% do total. A presença feminina cresceu de forma expressiva, alcançando 37% na alta liderança, ante 13% anteriormente, e 34% na média liderança, frente aos 19% registrados no início da série. Já o percentual de pessoas com deficiência subiu de 1,5% para 4%.
“Como banco público, o BNDES tem que refletir a diversidade da sociedade”, afirmou Mercadante, ao defender a inclusão como elemento central da missão institucional.
Responsabilidade das empresas públicas
O presidente do banco destacou que as empresas públicas possuem um papel ampliado na agenda de direitos humanos. “As empresas públicas têm uma responsabilidade ampliada na agenda de diversidade e inclusão. Ao longo da nossa gestão, temos feito um grande esforço para avançar na promoção dos direitos humanos, sempre concebidos como uma dimensão estruturante do desenvolvimento”, declarou.
Mercadante também ressaltou que o setor privado pode contribuir para ampliar o alcance dessas práticas, especialmente no ambiente de trabalho, em um país marcado por profundas desigualdades. Segundo ele, o BNDES integra iniciativas como a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, o Movimento pela Equidade Racial e o Pacto pela Diversidade, Equidade e Inclusão nas Empresas Estatais Federais.
Reconhecimento e ações afirmativas
Entre as iniciativas internas, o presidente citou a criação de comissões voltadas a mulheres, raça e etnia, pessoas com deficiência, população LGBTQIAPN+, diversidade regional e prevenção e combate ao assédio. O banco também foi reconhecido com o primeiro lugar na categoria Recrutamento e Seleção do Prêmio Melhores Empresas e Líderes da Diversidade, promovido pela Universidade Zumbi dos Palmares, após reservar 30% das vagas para pessoas negras em concurso público realizado em 2025.
Durante o evento, Mercadante chamou ao palco dois aprovados no certame: o arquiteto Tiago Coutinho, primeiro colocado na ampla concorrência e com a maior nota geral, e o advogado Akintolá Assis, filho de um ex-operário que trabalhou na construção da sede do banco.
Críticas a retrocessos e defesa da democracia
No discurso, o presidente do BNDES criticou a decisão da Assembleia Legislativa de Santa Catarina que aprovou o fim de cotas e ações afirmativas em universidades estaduais. “É inaceitável esse tipo de retrocesso em um país como o Brasil. Nós queremos respeito à diversidade e ações afirmativas, que são princípios fundamentais da construção de uma sociedade mais generosa e igualitária”, afirmou.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, também participou da abertura e destacou a importância da mobilização democrática. “No ano que vem, teremos que fazer uma escolha pela democracia”, disse. Ela defendeu que as empresas atuem como agentes de transformação social. “Queremos as empresas do nosso lado, nos ajudando a tecer um mundo melhor para cada um”, afirmou.
Estatais como ativo estratégico
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, ressaltou o papel das estatais no desenvolvimento econômico e na justiça social. Segundo ela, as empresas estatais federais representam 5,4% do Produto Interno Bruto, concentram R$ 6,7 trilhões em ativos e registraram lucro líquido de R$ 116,6 bilhões em 2024.
“Das 20 estatais não dependentes incluídas nas estatísticas do Banco Central, 15 apresentam lucro. Dessas 15, 11 também têm déficit. Isso acontece porque elas aumentaram gastos importantes, principalmente investimentos e pagamento de dividendos à União”, explicou. Para a ministra, “as estatais não são um peso para a sociedade. Pelo contrário, são um patrimônio e um ativo para o desenvolvimento sustentável com responsabilidade econômica, social e ambiental”.
Diversidade como eixo da boa governança
Nos painéis do seminário, representantes de estatais, entidades empresariais e organizações da sociedade civil reforçaram a diversidade como elemento essencial da boa governança. A secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, Elisa Leonel, afirmou que “não vemos como fortalecer empresas públicas sem a agenda de diversidade”.
A diretora de Pessoas, TI e Operações do BNDES, Helena Tenório, defendeu a diversidade como vetor estratégico e destacou a importância do diálogo entre empresas, academia e sociedade civil. Para Natália Paiva, diretora-executiva do Movimento pela Equidade Racial, é necessário ir além da gestão de pessoas. “Precisamos tirar o olhar apenas da área de RH e entender como a diversidade se articula de forma transversal em toda a empresa e no valor que ela gera”, afirmou.
Direitos humanos e futuro do trabalho
O seminário também abordou o papel das instituições de fomento na redução das desigualdades regionais. A presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento, Maria Fernanda Coelho, destacou que “no Brasil, precisamos pensar a diversidade como um grande capital” e apresentou iniciativas voltadas à bioeconomia na Amazônia Legal como instrumentos para ampliar o acesso ao crédito e promover trabalho decente.
Encerrando o evento, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Herman Benjamin, defendeu que não há Estado de Direito pleno sem a defesa universal dos direitos humanos, ressaltando o papel de instituições como o BNDES na consolidação de um modelo de desenvolvimento baseado em justiça, igualdade e dignidade da pessoa humana.



