França e Itália querem adiar acordo comercial com Mercosul
A França tem tentado reunir outros países da UE para formar uma minoria de bloqueio contra o acordo negociado pela Comissão Europeia
PARIS/ROMA, 15 Dez (Reuters) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente da França, Emmanuel Macron, concordaram com a necessidade de adiar a votação final da União Europeia sobre o acordo comercial com o Mercosul, disseram duas fontes familiarizadas com a discussão à Reuters nesta segunda-feira.
A França tem tentado reunir outros países da UE para formar uma minoria de bloqueio contra o acordo negociado pela Comissão Europeia. Uma votação está prevista para esta semana em Bruxelas.
Defensores do acordo afirmam que ele oferece uma alternativa para diminuir a dependência da China, especialmente em relação a minerais essenciais, e um alívio do impacto das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Uma terceira fonte avaliou que a França poderia ter uma minoria de bloqueio caso a Dinamarca, que detém a presidência rotativa do bloco, avançasse com uma votação. Uma minoria de bloqueio exige o apoio de pelo menos quatro Estados-membros que representem 35% da população da UE.
A Polônia e a Hungria se opõem ao acordo comercial do Mercosul, enquanto a Áustria e a Irlanda expressaram simpatia pela posição francesa.
O Palácio do Eliseu e o gabinete de Meloni não responderam imediatamente aos pedidos de comentários nesta segunda-feira.
No domingo, o governo francês anunciou que estava tentando adiar a votação da UE para aprovar o acordo, a fim de obter "proteções legítimas" para os agricultores.
É necessária uma votação final sobre o pacto comercial com os membros do Mercosul -- Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -- , antes que ele possa ser ratificado pelos Estados membros. Firmado há um ano, o acordo abriria novos mercados para os exportadores europeus, duramente atingidos pelas tarifas dos EUA e pela concorrência chinesa, e daria a Bruxelas novos aliados comerciais.
Mas ele enfrenta a resistência de agricultores europeus, que temem uma enxurrada de importações baratas com regras ambientais menos rigorosas, especialmente de carne bovina e de frango, que poderia prejudicar seus produtos nos mercados domésticos.
A Comissão, que é responsável pela negociação dos acordos comerciais da UE, ofereceu salvaguardas para os agricultores em outubro, mas a França as considerou "incompletas".



