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Líder do PT admite crise de confiança entre governo e Hugo Motta após derrota na Câmara

Lindbergh Farias reconhece desgaste entre o Planalto e o presidente da Câmara após aprovação do PL Antifacção

Lindbergh Farias (Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

247 – O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), reconheceu publicamente que se instalou uma “crise de confiança” entre o governo do presidente Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após a votação do Projeto de Lei Antifacção. A informação foi publicada pela CNN Brasil, que acompanhou as reações dentro do Congresso depois da derrota do governo nessa pauta sensível para a área de segurança pública.

A avaliação do líder petista veio após o plenário aprovar o texto substitutivo do relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), por 370 votos a favor e 110 contrários, resultado que representou um revés contundente para o governo. Segundo Lindbergh, o Planalto esperava manter maior controle sobre a tramitação por se tratar de uma proposta de autoria do próprio Executivo.

O deputado foi explícito ao admitir o desgaste: “É claro que tem uma crise aqui de confiança. É claro que todo mundo sabe que o presidente [Lula] reclamou muito… que é uma autoria, um projeto do Poder Executivo. Não é a primeira vez que isso acontece”, afirmou.

Comparação com outras derrotas do governo

Lindbergh também comparou a situação ao episódio da derrubada da medida provisória que alterava alíquotas do IOF. Naquele caso, o governo foi surpreendido por uma votação realizada em plenário esvaziado, em sessão semipresencial — dinâmica semelhante à observada nesta semana com o PL Antifacção.

A crítica central é que, mais uma vez, uma proposta considerada estratégica para o Executivo acabou avançando sem alinhamento pleno entre líderes, ministros e relatoria.

Relatoria turbulenta e acusações ao texto

A condução de Guilherme Derrite, secretário licenciado de Segurança Pública do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), provocou forte atrito com o governo. O relator apresentou seis versões diferentes do texto, em meio a divergências entre governistas e oposição.

Essas alterações geraram críticas de setores do governo e de especialistas em segurança pública, que acusaram Derrite de propor medidas que poderiam afetar a autonomia da Polícia Federal e até colocar em risco aspectos da soberania nacional.

Derrite desiste de reunião com ministros

Ainda segundo a CNN Brasil, Derrite admitiu em plenário que decidiu não comparecer a uma reunião marcada com os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). O relator justificou sua ausência afirmando que o governo teve mais de 15 dias para discutir o texto, mas não o buscou durante esse período.

Esse gesto foi interpretado dentro do Congresso como mais um sinal de distanciamento entre o relator e o Executivo, contribuindo para o ambiente de tensão que culminou na derrota política do Planalto.

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