Pesquisa Quaest consolida favoritismo de Lula à reeleição e deve manter Tarcísio em São Paulo
Levantamento analisado por Maria Cristina Fernandes aponta Flávio Bolsonaro como eixo do bolsonarismo e estreita o espaço para alternativas da direita
247 – A mais recente pesquisa Genial/Quaest reforça o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição e indica que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tende a permanecer focado na disputa estadual. A leitura é da colunista Maria Cristina Fernandes, em análise publicada no Valor Econômico nesta terça-feira (16), que examina os efeitos políticos da ascensão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como principal nome da oposição.
O levantamento mostra Flávio Bolsonaro na liderança entre os postulantes da direita, impulsionado por ampla exposição e pela formalização de sua pré-candidatura. Na pesquisa espontânea, o senador empata com o pai, Jair Bolsonaro, mas carrega um patamar elevado de rejeição, elemento que limita sua competitividade nacional e, ao mesmo tempo, reorganiza o campo oposicionista.
Segundo os dados, 54% dos entrevistados avaliam que Jair Bolsonaro errou ao lançar o filho como candidato, enquanto 62% afirmam que não votariam em Flávio “de maneira alguma”. Ainda assim, a candidatura cumpre um papel funcional para o bolsonarismo: preserva a identidade do grupo como principal força de oposição e ajuda a sustentar uma bancada expressiva do PL no Congresso.
Na análise de Maria Cristina Fernandes, mesmo com a rejeição ao presidente Lula chegando a 54%, Flávio Bolsonaro tem chances reduzidas de derrotá-lo. Sua força política, contudo, é suficiente para bloquear uma postulação presidencial de Tarcísio de Freitas. Para assegurar a reeleição em São Paulo, o governador tende a depender de um alinhamento com o bolsonarismo, inclusive com eventual apoio a Flávio no plano nacional, em troca de reciprocidade no estado.
A comparação com o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), ajuda a dimensionar o cenário. Apesar de menos conhecido nacionalmente, Ratinho aparece com 13% das intenções de voto, à frente de Tarcísio, que marca 10%. A diferença, segundo a análise, decorre sobretudo da rejeição junto ao eleitorado bolsonarista: 41% no caso de Ratinho Jr., contra 51% de Tarcísio.
Ainda assim, permanece a incógnita sobre a disposição do governador paranaense de disputar a Presidência, abrindo mão de uma provável eleição ao Senado e do foro privilegiado, especialmente diante da perspectiva de o senador Sergio Moro (União-PR) concorrer à mesma vaga. A expectativa, registra a colunista, é de que o Podemos possa oferecer legenda caso outros partidos recuem.
A rejeição a Tarcísio entre bolsonaristas é interpretada como resultado de uma estratégia para impedir o florescimento de uma alternativa fora do núcleo familiar Bolsonaro, sobretudo no maior colégio eleitoral do país. Isso ocorre apesar de o governador paulista ter adotado posições alinhadas à base bolsonarista, como a política de linha dura na segurança pública.



