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Altman crítica “efeito manada” de setores da esquerda para defender Alexandre de Moraes

Jornalista vê postura constrangedora de setores progressistas diante de suspeitas envolvendo o ministro do STF e o caso Banco Master

Altman crítica “efeito manada” de setores da esquerda para defender Alexandre de Moraes (Foto: Brasil247)

247 - O jornalista Breno Altman criticou a reação de setores da esquerda brasileira diante das revelações sobre a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em episódios relacionados ao Banco Master. Para Altman, parte do campo progressista adotou uma postura automática e acrítica na defesa do magistrado, mesmo diante de fatos que, segundo ele, precisam ser investigados com rigor.

“Constrangedor o efeito manada, entre alguns círculos de esquerda, para defender incondicionalmente o ministro Alexandre de Moraes. Claro que a ele deve ser assegurada presunção de inocência, mas as suspeitas de atuação em favor do Banco Master precisam ser rigorosamente apuradas”, disse. A análise foi feita a partir de informações reveladas pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, que detalhou contatos do ministro com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

De acordo com a apuração, Alexandre de Moraes procurou Galípolo em pelo menos quatro ocasiões — três telefonemas e um encontro presencial — para tratar da situação do Banco Master, controlado por Daniel Vorcaro. Os contatos ocorreram enquanto o Banco Central discutia a venda da instituição ao Banco de Brasília (BRB) e avaliava a possibilidade de intervenção no banco. Seis fontes relataram os episódios ao longo de três semanas, incluindo uma que ouviu o próprio ministro falar sobre a reunião e outras cinco que tomaram conhecimento dos contatos por meio de integrantes do BC.

Integrantes do Banco Central relataram que Moraes telefonou em diferentes momentos para saber do andamento da operação de venda ao BRB, anunciada em março, mas ainda sem autorização. Em julho, pediu que Galípolo participasse de um encontro presencial. Segundo relato atribuído ao próprio ministro, Moraes disse que tinha apreço por Vorcaro e argumentou que o Banco Master estaria sendo alvo de resistência por ganhar espaço frente aos grandes bancos, além de solicitar a aprovação da operação.

Naquele período, já circulavam em Brasília informações sobre divergências internas no Banco Central quanto à decretação de intervenção no Master. Galípolo teria informado ao ministro que técnicos da autarquia haviam identificado fraudes no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos do banco para o BRB. Diante disso, segundo os relatos, Moraes reconheceu que, caso as fraudes fossem comprovadas, a operação não poderia ser aprovada.

O caso teve um desfecho na segunda-feira (18), quando a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro e outros seis executivos acusados de envolvimento nas fraudes. No mesmo dia, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. Procurados, Alexandre de Moraes e Gabriel Galípolo não comentaram os episódios naquele momento.

Após a publicação da reportagem, o ministro do STF negou ter mantido encontros com o presidente do Banco Central para tratar de interesses privados. Em nota divulgada pela assessoria do Supremo, Moraes afirmou que os encontros citados ocorreram no contexto da aplicação da Lei Magnitsky, legislação internacional que prevê sanções financeiras e bloqueios contra pessoas e entidades envolvidas em crimes graves, com impactos diretos no sistema bancário. O ministro contestou a versão apresentada pelo jornal, afirmando que as reuniões não tiveram relação com favorecimento a instituições ou interesses particulares.

 

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