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Haddad reafirma que não será candidato a cargo algum em 2026 e fala em deixar a Fazenda

Ministro da Fazenda diz que pretende colaborar com a campanha do presidente Lula, mas descarta disputar eleições e admite possível saída do governo

Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda)

247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não pretende ser candidato a nenhum cargo eletivo em 2026 e que sua intenção é colaborar com a campanha de reeleição do presidente Lula, especialmente na formulação do programa de governo e na estratégia eleitoral. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo.

“Eu tenho a intenção de colaborar com a campanha do presidente Lula, e disse isso a ele, que eu não pretendo ser candidato em 2026, mas quero dar uma contribuição para pensar o programa de governo, para pensar como estruturar a campanha dele”, afirmou Haddad, deixando claro que não tem interesse em disputar cargos, seja no plano nacional ou em São Paulo.

Segundo o ministro, o presidente Lula recebeu a sinalização de forma positiva e respeitosa. “A reação dele foi muito amigável. Ele falou: ‘Haddad, você vai colaborar da maneira que você preferir. E qualquer decisão que você tome eu vou respeitar. Mas vamos conversar’”, relatou.

Possível saída da Fazenda

Haddad não descartou a possibilidade de deixar o comando do Ministério da Fazenda para se dedicar à campanha presidencial, mas afirmou que ainda não há uma decisão formal. “Pode ser que sim. É uma possibilidade”, disse, ao ser questionado se sua saída do cargo já estaria definida.

Ele também afastou qualquer ambição de coordenação da campanha. “Eu não quero coordenar nada. Eu quero me colocar à disposição da campanha. Posso ajudar no plano de governo. Não estou pedindo posição. Vou servir ao que for designado. Sou um servidor público”, declarou.

Questionado sobre a insistência do PT em lançar seu nome para disputar o governo ou o Senado por São Paulo em 2026, Haddad reiterou que já comunicou sua decisão à direção partidária. “Eu acho natural que o nome seja cogitado, mas eu já informei ao presidente do PT mais de uma vez. Ajudo no que posso. Mas as pessoas estão informadas. Não estou fazendo segredo”, afirmou.

Correios e estatais exigem “reinvenção”

Na entrevista, Haddad também tratou da situação financeira dos Correios, que, segundo ele, inspira “mais cuidados” dentro do conjunto das estatais. Para o ministro, a empresa precisa passar por uma profunda reestruturação para enfrentar a concorrência privada no setor de logística.

“Os Correios precisam de uma reinvenção”, disse. Segundo Haddad, a universalização do serviço postal impõe custos que não são cobertos apenas pelas tarifas, o que exige novos modelos de negócio. “Em geral, um banco, uma Caixa Econômica pode fazer uma parceria com os Correios para ter capilaridade em relação aos serviços que ela própria presta. É assim que está sendo feito no mundo”, explicou.

Ele afirmou que o empréstimo que está sendo estruturado para a estatal será condicionado a um plano rigoroso de reestruturação, acompanhado de perto pelo Tesouro Nacional. Além dos Correios, Haddad citou a Eletronuclear como outra estatal que demanda atenção especial do governo.

Relação com Congresso e crítica à oposição

Ao longo da entrevista, o ministro também avaliou a relação do governo com o Congresso Nacional e com o mercado financeiro. Segundo ele, a agenda econômica avançou de forma consistente nos dois primeiros anos, mas passou a enfrentar maior resistência com a aproximação do ciclo eleitoral.

Haddad criticou o que chamou de “narrativa fantasiosa” construída por setores da oposição e parte do mercado sobre a situação fiscal do país, lembrando o volume de déficits herdados dos governos anteriores. “A ânsia de criticar o governo atual é tão grande que faz você se cegar para dados inquestionáveis”, afirmou.

Para o ministro, divergências institucionais são próprias da democracia, mas não devem se transformar em crises artificiais. “Divergência vai haver, mas isso não pode se traduzir em um problema institucional”, disse, ao comentar a relação entre Executivo, Legislativo e Judiciário.

Ao reafirmar que não será candidato em 2026, Haddad procurou encerrar especulações sobre seu futuro político imediato e reforçar sua disposição de atuar como colaborador do projeto de reeleição do presidente Lula, sem ambições pessoais e sem buscar protagonismo eleitoral.

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