Galípolo ainda não foi convincente sobre seus contatos com Moraes, diz Elio Gaspari
Colunista aponta “sinuca de bico” no caso do Banco Master
247 – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, segue sob cobrança para esclarecer de forma transparente o que tratou em seus contatos com o ministro Alexandre de Moraes, em meio ao caso envolvendo o Banco Master. Em coluna publicada na Folha de S.Paulo, o jornalista Elio Gaspari afirma que Galípolo “ainda não foi convincente” ao explicar o conteúdo dessas conversas e sustenta que o chefe do BC está numa “sinuca de bico” diante de um episódio que mistura risco institucional, crise bancária e repercussão política.
Dias atrás, a jornalista Malu Gaspar desafiou Galípolo a declarar “em alto e bom som” que não sofreu pressão de Moraes no caso Master. Para a jornalista, o presidente do BC teria adotado um comportamento considerado errático: em vez de negar de forma pública e direta, teria se limitado inicialmente a uma versão “em off”, sem assumir frontalmente o tema, o que alimentou dúvidas e manteve o caso em combustão.
A “sinuca de bico” no Banco Central
Segundo Elio Gaspari, Galípolo vive um dilema difícil. Se contar tudo o que sabe sobre o caso e sobre eventuais interlocuções envolvendo o Banco Central, ele pode mudar a essência da relação entre o BC e bancos que caminham para a quebra, rompendo com práticas que historicamente preservam sigilo, estabilidade e contenção de danos. Mas, ao fazê-lo, também se colocaria em rota de colisão com grupos poderosos e formaria, como descreve o colunista, “um milhão de inimigos”.
Ao mesmo tempo, a continuidade de explicações consideradas frágeis cobra um preço institucional: a falta de clareza amplia suspeitas sobre interferência externa no funcionamento do BC e enfraquece a credibilidade da autoridade monetária em um momento sensível.
O enredo que envolve o Banco Master e o BRB
A controvérsia cresceu a partir de informações divulgadas por Malu Gaspar, que descreve um enredo iniciado em um contrato de R$ 129,6 milhões entre a esposa de Alexandre de Moraes e o Banco Master, com previsão de pagamento mensal de R$ 3,6 milhões por serviços que, segundo ela, não foram claramente detalhados até agora. A partir desse ponto, o caso avança para a suspeita de que o ministro teria pressionado Galípolo em torno da aprovação da venda do Banco Master ao BRB, banco estatal de Brasília.
A dimensão política do caso se torna explosiva justamente porque envolve, ao mesmo tempo, o Banco Central, o Supremo Tribunal Federal e uma operação de reorganização bancária com impactos potenciais sobre o sistema financeiro e sobre a administração pública do Distrito Federal.



